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Crescimento industrial de qualidade

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Por Redação
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A produção industrial, no primeiro mês do segundo trimestre, apresentou crescimento de 1,1% na série com ajuste sazonal, ante 0,7%, no mês anterior, e 1,8%, em fevereiro. Não se trata de um aumento que permita antever uma nova fase de retomada, com uma taxa de 2%, como alguns esperavam, todavia alguns dados de abril permitem pensar que a produção industrial está entrando numa fase de melhor qualidade. De fato verifica-se que os melhores resultados são na área de bens de capital, com crescimento de 2,6%, e dos bens de consumo duráveis, com 2,7%. No mês anterior se havia registrado queda de 6,3%, para os bens de capital, e aumento de 1,7%, dos bens de consumo duráveis. Se a produção de bens de capital aumenta, é que a demanda interna voltou a ser positiva pelo crescimento da procura de bens de consumo duráveis. Esta foi incentivada por redução fiscal em alguns setores e pela perspectiva de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em outros (linha branca, por exemplo), uma vez que a demanda externa de bens de capital não aumentou. A retomada de investimentos é nova nas empresas que tinham parado de investir, considerando que a recessão havia de fato atingido o País. Naturalmente, é preciso cautela diante desse quadro, uma vez que, em relação ao mesmo mês de 2008, a produção industrial apresenta queda de 14,8%, e de 22,6%, no caso dos bens de capital. Além disso, trata-se de uma retomada da demanda vinculada a incentivos fiscais que poderão ser provisórios, e o impulso de crescimento da renda familiar tenderá a diminuir nos próximos meses. No entanto permanece o fato de que os investimentos da indústria antecipam a evolução da demanda futura, depois de uma análise muito cautelosa da evolução do mercado. Cumpre notar que o melhor desempenho não se limitou ao setor de veículos automotores (3,3%) e aos setores vinculados às montadores (metalurgia básica, borracha e plástico), mas também ao de material eletrônico e elétrico e de comunicação. No caso dos bens semiduráveis e não-duráveis, temos um crescimento de 0,3%, que corresponde a um aumento vegetativo, mas que não depende de crédito e reflete uma evolução favorável da renda familiar. Cabe ao governo saber interpretar esses dados que mostram a resposta positiva da demanda à redução da carga tributária e à estabilidade de preços, o que deve figurar entre os instrumentos para um crescimento sustentado da demanda.