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Crescimento industrial díspar

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Por Redação
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Entre maio e junho houve recuperação industrial em 8 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE. Mas o crescimento médio foi pequeno (0,2%, descontados os efeitos sazonais) e piorou o comportamento de regiões desenvolvidas. Os indicadores do IBGE contradizem as expectativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e de consultores privados, que sugeriam uma iminente saída da recessão industrial. Na comparação com maio, a pesquisa sobre a Produção Física Regional do IBGE mostrou crescimento forte apenas no Pará (+10,2%), em Goiás (+7,4%) e na Bahia (+7,2%), razoável em Minas Gerais (+3,3%) e na Região Nordeste (+2,9%) e pequeno em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Comparando os primeiros semestres de 2008 e 2009, foram ruins os dados do Espírito Santo (-29,3%), de Minas Gerais (-21,3%), Amazonas (-16,8%), São Paulo (-14,4%) e Rio Grande do Sul (-13,5%). Isso se deveu à queda da indústria extrativa do Espírito Santo e de Minas; de material eletrônico e equipamentos de comunicações e transportes, no Amazonas e em São Paulo, onde o setor eletrônico caiu 64,8% entre junho de 2008 e de 2009; e de máquinas e equipamentos e veículos no Rio Grande do Sul. Proporcionalmente, o pior resultado foi o de São Paulo (-2%), que crescia desde janeiro e atenuava o declínio do setor no País. Como alertaram os analistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), "pode ser um fato isolado, mas causa alguma preocupação, pois poderá comprometer o segundo semestre se, de fato, a indústria paulista não reagir de modo mais consistente". São Paulo é grande comprador de bens e serviços das outras regiões. Comparado com junho de 2008, Bahia e Goiás apresentaram crescimento. Mas, na comparação entre os segundos trimestres de 2008 e 2009, todas as regiões mostraram declínio. Um dos maiores obstáculos à recuperação do setor secundário é a fraqueza das exportações de manufaturados, que caíram 31,1% na comparação entre os primeiros sete meses de 2008 e 2009, três vezes a queda de 10,6% dos produtos básicos. Neste semestre, o mercado interno terá de sustentar a indústria, com base no aumento do crédito, na recuperação dos salários no setor privado e no forte aumento de vencimentos e despesas do setor público. Mas, sobretudo, depende da manutenção do poder aquisitivo, ou seja, da inflação baixa que deriva da recessão e de uma anomalia - o câmbio muito valorizado.