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De casa arrumada

A Petrobrás é, no governo Temer, outra empresa do ponto de vista administrativo e financeiro

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Por Redação
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“A companhia é outra, completamente diferente da que a gente recebeu”, disse o presidente da Petrobrás, Ivan Monteiro, ao comentar os resultados financeiros da empresa no terceiro trimestre deste ano, quando registrou o terceiro lucro trimestral consecutivo. Com os R$ 6,64 bilhões obtidos no período julho-setembro, a empresa registrou lucro líquido de R$ 23,7 bilhões nos nove primeiros meses do ano, o maior valor alcançado no período desde 2011 e 4,7 vezes superior ao registrado de janeiro a setembro de 2017.

De casa arrumada, como diz seu presidente, a Petrobrás é outra empresa do ponto de vista administrativo e financeiro, se comparada com aquela que a administração lulopetista legou ao governo de Michel Temer. Submetida a saques que comprometeram seus resultados e sua eficiência, utilizada de maneira irresponsável pela administração petista para a contenção da inflação por meio do congelamento dos preços dos derivados e transformada em instrumento de propaganda dos governos lulopetistas por meio de programas mirabolantes de exploração e produção de petróleo, a Petrobrás se tornara uma empresa problema. O escandaloso esquema de corrupção que nela se instalou para beneficiar partidos e políticos ligados à antiga gestão foi sendo desvendado pela Lava Jato e seus responsáveis foram punidos criminalmente.

A posse, em maio de 2016, de uma diretoria executiva liderada por Pedro Parente e comprometida com a lisura administrativa e financeira e com a gradual melhora dos resultados financeiros e contábeis e dos principais indicadores de eficiência marcou o início de uma nova era para a empresa. Gradualmente foram sendo desmontados programas de investimentos não sustentáveis financeiramente, ativos considerados não essenciais para as atividades da empresa foram sendo vendidos, o novo modelo de gestão baseou-se na transparência e na busca de resultados para os acionistas. Os resultados começaram a surgir.

O Ebtida ajustado – que significa lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, importante indicador da eficiência operacional e financeira de uma companhia, pois afere sua capacidade de geração de receitas – alcançou, nos nove primeiros meses do ano, o recorde histórico para o período, de R$ 85,7 bilhões, o que representa margem de 33%.

A empresa atribui esse desempenho aos ganhos maiores tanto com as exportações como com as vendas no mercado doméstico, sobretudo por causa do crescimento das vendas do diesel, menores gastos com juros (em razão da redução da dívida total) e maior controle de gastos.

A relação entre dívida líquida e Ebtida, que estava em 3,67 em dezembro do ano passado, diminuiu para 2,96 em setembro último. Segundo seu presidente, a Petrobrás continua a perseguir a meta de 2,5. Ivan Monteiro lembrou que, se não fossem computados os custos dos acordos firmados pela petroleira com autoridades americanas para encerrar as ações que corriam na Justiça americana contra ela, a relação já estaria em 2,66 no fim do terceiro trimestre deste ano.

Quanto aos desinvestimentos, a empresa informou que, nos nove primeiros meses do ano, entraram em seu caixa US$ 5 bilhões. Somando-se os resultados do ano passado, a empresa já recebeu US$ 7,5 bilhões com a venda de ativos. A estimativa para este ano é de que mais US$ 2,5 bilhões entrem no caixa da empresa. Dificilmente, porém, será alcançada a meta de US$ 21 bilhões em desinvestimentos, por causa de decisões judiciais que atrasaram ou impediram algumas operações, admitiu Monteiro.

“Hoje nos sentimos orgulhosos com o trabalho”, disse ele, ao lembrar que a atual diretoria assumiu suas funções com a empresa em séria crise e com o preço do petróleo em baixa. “Arrumamos a casa. A retomada do nosso crescimento é positiva não só para a Petrobrás, como também para o País, uma vez que a empresa gera recursos para a sociedade por meio de tributos e participação nos lucros, contribuindo para o desenvolvimento.”