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Disputa no leilão da folha do INSS

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Por Redação
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Ao contrário do esperado, foi bem-sucedido o leilão da folha de 300 mil benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). É o primeiro passo para mudar os contratos de execução da folha firmados entre Previdência e bancos - que, em vez de receberem pelo serviço, como foi até 2007, passarão a pagar por ele. O INSS receberá pouco mais de R$ 500 mil por mês dos vencedores. É um valor pequeno, que crescerá com os novos leilões - anualmente, há 4 milhões de novos beneficiários, cujo pagamento será leiloado. Atualmente, 21 bancos atendem 26,6 milhões de beneficiários. Ainda há filas, mas o serviço é confiável - o que se espera para os novos beneficiários do INSS. O leilão, primeiro de uma série, foi disputado por dez instituições e, dos 26 lotes oferecidos, os bancos privados venceram 19. Demonstraram, assim, interesse em ampliar a base de clientes, ainda que acrescentando a ela aposentados e pensionistas de menor renda, a maioria com até dois salários mínimos por mês. Os bancos parecem acreditar que não será mudada a política de aumentos reais do salário mínimo, que corrige a maioria das aposentadorias. O Bradesco ficou com 8 lotes, a Caixa Econômica Federal (CEF) com 4, o Itaú-Unibanco e o Santander com 3 e o Banco do Brasil com 1 lote. O Banrisul venceu 2 e a surpresa foi o Mercantil do Brasil, que conquistou 5 lotes. Eles arcarão com no mínimo R$ 0,11 por benefício pago em Roraima, Amapá, Amazonas, Tocantins, Rondônia e Acre e, no máximo, R$ 2,70 nas áreas de Curitiba, Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa. Os preços deverão ser uma referência para toda a folha do INSS. Um diretor da CEF declarou-se satisfeito com o 2º lugar em alguns lotes, pois a CEF substituirá o vencedor em microrregiões onde ele não puder prestar o serviço. Um dos vencedores em áreas desenvolvidas, como a região metropolitana de São Paulo, tem 150 agências, ante milhares de agências dos conglomerados. Os bancos vencedores terão de prestar, sem ônus, serviços como o fornecimento de extratos, um DOC ou uma TED mensais, extrato anual de pagamentos, extrato do Imposto de Renda, atualização cadastral e cartão de identificação do beneficiário. Sem cobrar dos aposentados o que cobram dos outros clientes, foram atraídos pela facilidade de ampliar as operações de crédito consignado, em que os riscos de crédito são baixos. Sobretudo, o leilão mostrou que o setor privado evitou deixar com os bancos públicos em fase de expansão centenas de milhares de novas contas.