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Dívidas em atraso têm ligeira redução

Não chega a ser animadora a informação de que os consumidores ficaram menos endividados em novembro; proporção continua alta, de 57,3%

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Por Redação
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Não chega a ser animadora a informação de que os consumidores ficaram menos endividados em novembro. Houve, de fato, uma pequena queda na taxa de famílias brasileiras endividadas – de 57,7% em outubro para 57,3% em novembro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio, Bens e Serviços (CNC) –, mas a proporção continua alta. A situação se torna mais preocupante quando se considera a porcentagem dos que declararam não ter como pagar as dívidas (9,1% em novembro). Há um ano, a taxa era de 8,5%. A alta evidencia os efeitos do desemprego sobre a inadimplência.

Também influíram no resultado as dificuldades para obtenção de crédito, que poderia ser um instrumento para renegociação de débitos com as instituições financeiras. Mas os bancos têm adotado critérios restritivos para os empréstimos, com limites mais severos para saques no cheque especial, além da cobrança de juros muito altos.

Com a redução do poder de compra e sem acesso ao crédito, algumas famílias recorreram à venda de bens para quitar dívidas em atraso. Assim, a proporção das famílias que relataram dívidas em atraso recuou em novembro para 23,4% do total pesquisado, um pequeno avanço em relação a outubro (23,8%). Um ano antes, porém, a proporção dos endividados em atraso era de 22,7%.

Essas proporções são muito próximas daquelas de famílias que têm mais da metade de seus rendimentos mensais comprometidos com dívidas (21,3%). Encabeçam a lista os débitos contraídos por meio do uso de cartão de crédito, citados por 77,2% dos entrevistados, vindo em seguida carnês de lojas (14,3%) e financiamento para compra de carro (10,5%). O uso de cheques pré-datados é hoje menos comum.

É provável que, com o recebimento do 13.º salário, cuja primeira parcela foi paga em 30 de novembro, muitos consumidores usem os recursos para saldar compromissos vencidos ou para renegociar seus débitos. Contudo, somente com a recuperação firme da economia, com reflexos sobre o emprego e a renda, as taxas de endividamento e de inadimplência das famílias poderão cair de modo mais significativo.