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Do carro ao metrô

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Por Redação
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A Companhia do Metropolitano (Metrô) desenvolveu um projeto que favorece boa parte dos motoristas paulistanos em duas coisas importantes: transporte público de qualidade e vagas em estacionamento. Em três meses de funcionamento, o E-Fácil, novo estacionamento do Metrô de São Paulo junto à Estação Santos-Imigrantes, bateu recordes de ocupação: frequência média de 260 veículos nos dias úteis, embora a capacidade da estrutura seja de 117 carros, 28 motos e 28 bicicletas. O volume diário já é cinco vezes maior do que em dezembro, mês da inauguração. O projeto faz parte do Plano de Expansão dos Transportes Metropolitanos de São Paulo. O preço para estacionar no E-Fácil por 12 horas é de R$ 8,45 (cada hora adicional custa R$ 1,00) e o usuário tem direito a duas viagens de metrô. O custo para os motoristas é menor do que o preço cobrado em muitos estacionamentos da cidade por apenas uma hora, e cada hora adicional chega a custar R$ 5,00. Ao oferecer essa facilidade aos motoristas, de deixar o carro no estacionamento do Metrô e seguir viagem de trem, livre do tormento do trânsito e sem o problema da busca por vaga de estacionamento nas ruas e garagens superlotadas de São Paulo, a Companhia do Metropolitano conquistou, em três meses, mais 13,5 mil usuários na Estação Santos-Imigrantes. O objetivo da empresa é mais o de aumentar a demanda pelo transporte público do que o de ganhar dinheiro com o estacionamento. Entre 22 de dezembro e 30 de março, o estacionamento, que funciona ininterruptamente, foi utilizado por 11.638 veículos (apenas 190 motos). A arrecadação foi de R$ 42,8 mil. Quando a frequência ultrapassa duas vezes e meia o número de vagas disponíveis o Metrô recebe 60% do que é pago pelos usuários. Abaixo disso, os recursos ficam para a empresa que administra a garagem, a Cia. Park Estacionamentos. A Companhia do Metropolitano pretende, até 2010, construir mais nove estacionamentos semelhantes. Ainda neste mês deve inaugurar o da Estação Corinthians-Itaquera, na zona leste, com 257 vagas para carros e 24 para motos. O preço varia de região para região. No E-Fácil da Corinthians-Itaquera, o preço por 12 horas de estacionamento será de R$ 7,10 (cada hora adicional tem valor fixo de R$ 1,00) e também dá direito a duas viagens de metrô. O pagamento é realizado com cartão eletrônico, o cartão E-Fácil, que, além de carregado com créditos para o estacionamento, reúne a utilidade do bilhete único para o metrô, para as estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e para os ônibus e vans do sistema gerenciado pela SPTrans na capital. O sucesso do projeto animou a Prefeitura, que, há dias, anunciou a construção de 31 garagens verticais automatizadas próximas de estações do metrô da Linha 3-Vermelha, que liga as Estações Corinthians-Itaquera e Palmeiras-Barra Funda, a de maior demanda de todo o sistema. Com isso, a Secretaria Municipal de Transportes quer reduzir o número de vagas de Zona Azul nas ruas, livrá-las dos bloqueios provocados pelos carros estacionados e assegurar maior fluidez ao trânsito. As garagens serão construídas e operadas por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs), conforme explicou o secretário Alexandre de Moraes. No entanto, o preço será diferenciado: enquanto no E-Fácil os usuários pagam por períodos de 12 horas, nas estações da Prefeitura o motorista desembolsará o mesmo valor cobrado pelas vagas de estacionamento da Zona Azul de rua - R$ 1,80 por hora. Se desejar seguir de metrô, terá de comprar os bilhetes diretamente na estação. A diferença de vantagens oferecidas levará os motoristas a dar preferência aos estacionamentos do Metrô. Uma maior cooperação entre as esferas de governo estadual e municipal certamente traria resultados melhores para a população e para os dois governos. O importante, afinal, não é o retorno financeiro das instalações, mas a mudança de hábitos do paulistano que precisa trocar o transporte individual pelo público.