
09 de janeiro de 2014 | 02h08
Falar em competição internacional parece um tanto irrealista, nesta altura, quando a maior parte do setor mal consegue reproduzir o próprio nível de atividade registrado em 2011. É preciso olhar para os números daquele ano, para avaliar adequadamente o desempenho em 2013. Durante a maior parte do ano recém-terminado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, alardeou uma nova etapa de expansão econômica, desta vez puxada pelo investimento.
Do lado público, essa novidade só será confirmada quando os planos de ampliação da infraestrutura e da atividade no setor de petróleo deslancharem plenamente. Isso ainda vai depender da participação de mais investidores e do início das obras programadas. Do lado privado, será necessária, em primeiro lugar, uma restauração da confiança dos empresários na política econômica.
Sem esperar mudanças desse tipo, ministros e funcionários de alto escalão do setor econômico chamaram a atenção, muitas vezes, para o aumento da produção de bens de capital e dos financiamentos concedidos pelo BNDES. Algum cuidado no exame dos números basta para eliminar qualquer euforia.
De fato, a produção da indústria de bens de capital foi 14,2% maior que a de um ano antes, no período de janeiro a novembro. Em 12 meses, a expansão acumulada chegou a 11,6%. Em 2012, no entanto, a fabricação de máquinas e equipamentos foi 11,8% menor que em 2011. Uma comparação mais precisa só será possível com a divulgação dos números de dezembro, mas dificilmente o resultado final de 2013 anulará a retração do ano anterior e levará a produção de máquinas e equipamentos de volta ao nível de 2011. Na melhor hipótese, esse nível será superado por uma diferença minúscula. Nesse caso, o crescimento da produção de bens de capital em dois anos terá sido amplamente insuficiente para fortalecer a indústria brasileira.
É preciso, além disso, lembrar de um detalhe especial: boa parte do investimento em 2o13 consistiu na compra de caminhões e de máquinas e equipamentos agrícolas - um reflexo do bom desempenho do agronegócio, o setor mais competitivo da economia brasileira.
Mas a comparação dos novos dados da indústria com os números de dois anos antes mostra apenas uma parte do problema - provavelmente a menos grave. Nesse período, competidores estrangeiros continuaram conquistando fatias do mercado, dentro e fora do Brasil. Muitos deles investiram e adotaram estratégias para se tornar ainda mais eficientes no comércio.
Além das estratégias empresariais, é preciso levar em conta as ações políticas. Em todo o mundo os acordos comerciais continuaram proliferando, nos últimos anos, enquanto continuou paralisada a Rodada Doha. O Brasil ficou fora da grande onda de negociações bilaterais e inter-regionais, por um erro político do governo. Também isso faz muita diferença, quando se trata de acesso aos mercados. Também esse erro tem um custo pesado para a indústria brasileira.
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