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Duvidosa a meta do superávit primário

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Por Redação
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O superávit primário do setor público, de 2,44% do PIB, no final do 1º semestre, caiu para 2,25%, computados os sete primeiros meses do ano. Isso frustra as esperanças suscitadas pelo dados divulgados na véspera, relativos ao governo central, de um superávit primário de R$ 1,429 bilhão em julho, sucedendo ao déficit de R$ 815 milhões em junho. Embora as necessidades de financiamento do setor público sejam calculadas pela variação da dívida (abaixo da linha) - ao contrário dos dados do Tesouro, baseados na contabilidade -, a expectativa foi frustrada porque, em julho, os governos regionais acusaram redução de 68,4% do seu superávit primário e as empresas estatais, de 64,8%, evolução que certamente se vincula à proximidade da campanha eleitoral de 2010. O superávit primário acumulado em sete meses ficou abaixo da meta de 2,5%, que havia sido estabelecida a despeito da autorização de deduzir o equivalente a 0,5% do PIB a título de despesas com o Projeto Piloto de Investimentos (PPI). No entanto, levando em conta que para o final do ano os gastos aumentam consideravelmente, o respeito ao cumprimento da meta se torna duvidoso. No ano passado, para os sete primeiros meses o superávit primário foi de 5,63% do PIB, mas caiu para 3,68% no final do ano. O déficit nominal, que atingiu R$ 15 bilhões nos sete primeiros meses de 2008, no mesmo período deste ano subiu para R$ 56 bilhões. Isso exigiu crescimento de R$ 28 bilhões da dívida mobiliária federal interna, que somou R$ 1,349 trilhão, ou seja, 46,3% do PIB. O Banco Central atribuiu o aumento ao cálculo do IGP-DI e ao câmbio, porém uma melhor explicação é que as receitas do Tesouro no período diminuíram 1,59% e as despesas aumentaram 25,9%. O dispêndio com juros, apesar das condições mais favoráveis, aumentou 19,7%, em julho, e representou 5,56% do PIB nos sete primeiros meses, mostrando como seria necessário aumentar o superávit primário para pagar uma porcentagem maior dos juros do governo central, responsável por 90,4% deles. A análise dos dados publicados ontem mostra que as empresas estatais, que tinham superávit nominal de R$ 1,461 bilhão, em junho, reduziram-no para R$ 225 milhões, em julho, realizando maiores investimentos ou distribuindo maiores dividendos ao Tesouro. Como nos próximos meses o governo federal é que terá de financiar seus investimentos, o déficit nominal aumentará...