
09 de março de 2013 | 02h10
Uma das metas prevê que todas as crianças estejam na escola em 2022. Uma segunda meta estabelece que toda criança esteja alfabetizada até os 8 anos. Uma terceira meta estabelece que todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos estejam matriculados na série mais adequada à sua idade. Uma quarta meta é de que os alunos concluam as três séries do ensino médio até os 19 anos. A quinta meta está relacionada aos investimentos e fontes de financiamento do setor educacional. O objetivo das cinco metas é garantir uma educação básica de qualidade para toda a população, no ano em que o Brasil comemorar dois séculos de Independência.
Elaborado com base em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC) e do IBGE e intitulado De Olho nas Metas, o último relatório do movimento apresenta mais um retrato desolador da educação brasileira, especialmente no ensino médio. Segundo o estudo, 92% das crianças e jovens de 4 a 17 anos estavam estudando em 2011 - a expectativa era de que 94,1% estivessem matriculados. Isso significa que cerca de 3,8 milhões de crianças e jovens se encontravam fora da escola.
O relatório informa que um em cada dez alunos da terceira série do ensino médio - a última antes do ingresso na universidade - teve desempenho adequado em matemática em 2011. O resultado ficou muito abaixo da meta prevista pelo Todos pela Educação para esse ano. No caso dos estudantes da rede escolar pública, o quadro é ainda pior: apenas 5,2% sabem o que deveriam de matemática no ensino médio. Em português, o índice foi de 29,2% - abaixo da meta de 31% prevista pelo movimento. Na 9.ª série do ensino fundamental, a situação não é muito diferente. Só 16,9% dos estudantes apresentaram nível de aprendizagem adequado em matemática - bem menos do que os 25,4% da meta fixada para 2011.
O levantamento também aponta grande variação no desempenho dos alunos de Estado para Estado. Alagoas e o Maranhão são os Estados com os piores indicadores de desempenho escolar no ensino fundamental e no ensino médio. Minas Gerais e Santa Catarina foram os Estados que mais se destacaram no cumprimento das metas.
O relatório do movimento Todos pela Educação evidencia as dificuldades que o Brasil enfrenta para se manter entre as maiorias e mais prósperas economias, diante de competidores empenhados em investir em ampliar os investimentos em educação, ciência e tecnologia. Mostra, também, que um ensino de má qualidade continua limitando o acesso dos jovens a empregos de qualidade na economia formal e condenando as novas gerações à ignorância. "Isso é uma tristeza. Quer exclusão maior do que aluno não saber o que deveria ter aprendido? Eles vão ter problemas com emprego e com continuidade do estudo no acesso ao ensino superior. Ou seja, estamos fazendo um funil. Se o aluno não aprende matemática, tem uma série de coisas que ele não vai conseguir fazer depois", diz Katia Smole, doutora em educação.
Para os dirigentes do movimento Todos pela Educação, a falta de um currículo nacional é um dos fatores que têm impedido o ensino médio de melhorar sua qualidade. Já o MEC alega que está discutindo com as Secretarias Estaduais da Educação medidas para reestruturar esse ciclo de ensino.
Essa tem sido a sina da educação brasileira: por mais que os dirigentes governamentais dialoguem, as políticas educacionais continuam marcadas por prioridades erradas e, mais grave, orientadas por interesses demagógicos.
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