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Emprego formal reage muito pouco

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Por Redação
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Foram criados, em abril, 106,2 mil empregos formais, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Comparado à queda aguda ocorrida entre novembro e janeiro, quando 797 mil vagas foram cortadas, qualquer crescimento é positivo. Mas o resultado foi insatisfatório, por várias razões. Tradicionalmente, abril é um dos meses em que mais se contrata (média histórica superior a 200 mil vagas). Em abril de 2008 foram abertos 294,5 mil postos formais. A formalização das vagas, no mês passado, também foi concentrada: São Paulo teve saldo líquido de 72 mil postos, dos quais 63,8 mil no interior, seguindo-se Minas Gerais (15,6 mil), Goiás (14,6 mil), Paraná (7,9 mil) e Rio de Janeiro (6,6 mil). No Nordeste, o saldo líquido foi negativo em 24,6 mil, com quedas substanciais em Alagoas (-16,6 mil) e Pernambuco (-10,9 mil). A geração de vagas dependeu dos setores de serviços (59,2 mil), agropecuária (22,6 mil) e construção civil (13,3 mil). Predominaram empregos temporários (na safra) ou de menor qualidade. A indústria, que paga melhor, abriu apenas 183 vagas - 14,6 mil foram cortadas nas indústrias metalúrgica e mecânica. E o comércio abriu apenas 5,6 mil vagas. Em bases dessazonalizadas, segundo o economista José Márcio Camargo, da PUC-Rio, não houve aumento, mas queda, de 69 mil vagas em abril. Outras comparações também são negativas: entre janeiro e abril, apenas 48,4 mil empregos foram criados, ante 848,9 mil no mesmo período de 2008. E nos últimos 12 meses foram abertas 651,6 mil vagas - 37% das vagas criadas nos 12 meses anteriores (1,76 milhão), até abril de 2008. A perspectiva é de novas quedas em 12 meses: analistas privados chegam a prever que o saldo líquido de 2009 se limite a 300 mil postos, menos de 1/6 da procura, da ordem de 2 milhões de vagas. Apenas o ministro Carlos Lupi prevê 1 milhão de vagas a mais. Um dos pontos a destacar é o da maior criação de vagas nos Estados mais desenvolvidos, que costumam antecipar as tendências econômicas. Caso isso se confirme, a recuperação econômica, no segundo semestre, afigura-se mais factível. Mas, até lá, os números insatisfatórios do Caged trarão impacto negativo direto na Previdência Social, cujo déficit aumentou entre março e abril, e na atividade econômica em geral, impondo limites à recuperação do consumo no curto prazo.