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Fim de ano dificulta crédito para pequenas empresas

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Por Redação
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À chegada do final do ano, quando é maior a demanda das empresas pelo crédito bancário, os empréstimos tornam-se não apenas mais caros, mas mais difíceis para as pequenas e médias empresas. Grandes bancos, segundo reportagem do jornal Valor, chegam a demorar meses para aprovar um crédito, quando não o recusam ou exigem garantias elevadas - práticas mais comuns do que se pode supor.Clientes com histórico de pontualidade, interessados em alongar prazos, enfrentaram dificuldades intransponíveis em dois dos três maiores bancos comerciais do País, um público e outro privado. Num deles a operação só foi concluída quando os sócios da empresa tomadora garantiram o crédito com um depósito equivalente a 80% do montante emprestado. O crédito foi garantido por uma aplicação feita no mesmo prazo do contrato. Ainda mais difícil foi a tentativa, em outras instituições, de abrir uma conta e imediatamente tomar um empréstimo.Bancos públicos e privados, nacionais ou estrangeiros, alegam que a inadimplência superior a 90 dias aumentou e é maior entre as pequenas empresas. Em média, a inadimplência foi de 3,6%, em agosto, depois de ter caído a apenas 1,6%, em 2008, quando a economia se expandia a pleno vapor. Mas os atrasos, que chegaram a 4% no último trimestre de 2009, estão em queda.Prevalece a máxima antiga de que o crédito é mais fácil para quem não precisa dele. Empresas que fazem suas vendas predominantemente com cartão de crédito são disputadas pelos bancos, pois as operações são consideradas de baixíssimo risco.Os empréstimos também são mais fáceis quando garantidos pela alienação fiduciária de uma máquina ou de um imóvel. O principal critério de concessão de um crédito é sua classificação nas categorias de menor risco. Num banco oficial, os créditos de baixíssimo risco contratados com microempresas já representam mais de 90% da carteira.Bancos de menor porte também estão mais seletivos, tentando substituir a clientela de pequenas empresas pela de grandes companhias.Restrições excessivas ao crédito prejudicam as empresas, os consumidores e a economia. Empresas pagam mais juros ou perdem capital de giro na hora em que ele é mais necessário, para financiar as vendas de fim de ano. Consumidores arcam com custos adicionais, embutidos nos preços dos produtos. A tendência de aumento da inflação, retratada, por exemplo, no índice Fipe, sugere que as tensões na economia são maiores.