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Fluxo cambial e contas externas

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Por Redação
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O fluxo do câmbio de março ficou negativo em US$ 797 milhões, valor inferior ao de fevereiro, quando houve saldo positivo de US$ 841 milhões, mas muito melhor do que o de janeiro - um déficit de US$ 3,018 bilhões. Mas a análise do fluxo cambial não pode se basear apenas no resultado de um mês, uma vez que, tanto no caso do fluxo comercial como no do financeiro, existe um intervalo entre a operação efetiva e seu desembolso em dinheiro. É mais correto, portanto, examinar o resultado do primeiro trimestre. O fluxo comercial apresentou resultado positivo de US$ 6,5 bilhões, ante US$ 13,5 bilhões no mesmo período de 2008. As exportações, com US$ 32,9 bilhões, tiveram redução de 25,4%, e as importações,com US$ 29,7 bilhões, redução de 2,9%. Esse resultado é bastante diferente do resultado da balança comercial, aferida pelas estatísticas aduaneiras, que registraram exportações de US$ 33,1 bilhões e importações de US$ 28,1 bilhões. Essa diferença indica que as exportações, contando com menos financiamentos, serão inferiores às de 2008, embora com tendência de alta. Já as importações, que continuam sendo financiadas, deverão sofrer uma redução maior, o que permite prever um resultado para a balança comercial melhor do que o anteriormente estimado. É do lado das operações financeiras que a situação é mais delicada. Essas operações tiveram saldo negativo de US$ 6,3 bilhões, superior em 39,8% ao déficit do mesmo período de 2008, as entradas somaram US$ 56,7 bilhões, 55,7% inferiores às de 2008, e as saídas, com US$ 66,2 bilhões, foram inferiores em 37,9% às de 2008. As perspectivas para 2009 tendem a melhorar. As saídas no primeiro trimestre se referem ao período anterior, quando o fluxo foi muito bom. Por isso as saídas foram elevadas no 1º trimestre, mas deverão diminuir tanto em razão da redução das remessas de lucros e dividendos como da redução dos empréstimos sobre os quais incidem juros. As entradas de capitais deverão ser menores, mas ainda significativas. Verifica-se uma melhora no caso dos empréstimos externos e os investimentos diretos estrangeiros se mantêm num bom nível, sendo o Brasil um dos países preferidos pelo capital externo num momento em que a crise atinge todos os países industrializados. Os dados do fluxo cambial permitem prever que o déficit das transações correntes não será muito grande.