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Forte queda do varejo no 4º trimestre

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Por Redação
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Até novembro, o Comitê de Política Monetária se preocupava com o aumento das vendas no varejo, que a produção da indústria não acompanhava. Mas a crise financeira mudou o quadro: 2008 fechou com um aumento das vendas de 9,1%, ante 9,6% em 2007. É que no quarto trimestre houve uma forte redução das vendas no varejo. Elas, que haviam aumentado 10,4% no terceiro trimestre, em relação ao segundo, cresceram apenas 6% no último - apesar das festas natalinas. Se tomarmos por base o comércio ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, a queda de ritmo foi ainda mais significativa, passando de um crescimento de 12,9% para 0,3%... A demanda doméstica até o final do terceiro trimestre foi impulsionada pelo crédito e pelo assistencialismo do governo. A partir de 15 de setembro verificou-se forte contração do crédito, aliada a uma cautela muito grande dos consumidores, temerosos do desemprego. Em outubro houve um recuo de 1% das vendas no varejo, mesma queda em novembro e outra de 0,3% em dezembro - mês que costuma ser o melhor do comércio. O resultado por setores revela o efeito do crédito. Os setores com maior crescimento das vendas em 2008 foram os de equipamentos de informática e comunicações (33,5%), de artigos de uso pessoal e doméstico (15,6%), de móveis e eletrodomésticos (15,4%) e de veículos (11,9%). O crescimento desses itens, que embutem componentes importados, foi menor do que em 2007 em razão da crise no final do ano e da desvalorização da moeda. Já o crescimento do setor de supermercados e produtos alimentícios ficou um pouco abaixo de 2007: 5,5%, ante 6,4%. Em termos regionais, o crescimento maior foi em Rondônia (13,5%); depois São Paulo (12,5%), Rio Grande do Norte (11%) e Mato Grosso (10,6%) - em vários Estados, efeito do Bolsa-Família. Só o Amazonas teve resultado negativo (-1,5%), por causa da crise na Zona Franca. É certamente muito difícil fazer projeções para 2009. As vendas no varejo serão afetadas fortemente pelo aumento do desemprego e, seguramente, a moeda não voltará a se valorizar como se verificou na maior parte de 2008. O crédito não será mais o motor das compras, pois ficará mais contido e mais caro. Mas pode-se esperar uma reação positiva em relação ao 4º trimestre de 2008: as vendas de carros, na primeira quinzena de fevereiro, cresceram 8,4% em relação ao mesmo período de janeiro.