
07 de dezembro de 2019 | 03h00
FUNDO ELEITORAL
Sem justificativa
O povo brasileiro, estupefato, assiste a alguns de seus representantes tentando justificar o aumento autoconcedido, para quase R$ 4 bilhões, do indecente fundo eleitoral, possibilitado mediante a subtração de recursos destinados a áreas fundamentais, como saúde, educação, infraestrutura e programas sociais. Afinal, que democracia é esta nossa que para ser abastecida precisa que seu principal dínamo, o eleitor, se sacrifique e se prive do que lhe deveria caber por direito, a ser garantido, em princípio, exatamente por quem agora procura explicar a ratificação de tamanha ignomínia? Lamentável a passividade da população, mantida convenientemente distante desses bastidores palacianos.
PAULO ROBERTO GOTAÇ
Rio de Janeiro
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Sem juízo e sem pudor
O fundo eleitoral está sendo mais que duplicado, sangrando dinheiro da saúde, da educação, da infraestrutura e de outras áreas sumamente importantes para a população. Aprovado por voto de liderança, é filho bastardo de que todos se aproveitarão, mas ninguém põe o nome na certidão de batismo. Esses caras – sim, porque excelências é que não são – têm pouco juízo e nenhum pudor.
PAULO ROBERTO SANTOS
Niterói (RJ)
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Corporativismo acima de tudo
O aumento do fundo eleitoral para quase R$ 4 bilhões, mais do que imoral e injustificável, é o pior sintoma de que, por mais que troquemos os políticos nas eleições, há algo impregnado no Congresso que os contamina e mantém o espírito corporativista como a principal meta a ser defendida. Os interesses do País, do povo, tudo é jogado para escanteio. Fica a certeza de que congressistas não temem a resposta das urnas e lá dentro o modus operandi não mudará jamais, não importa quanto lutemos para limpar a política.
MARA MONTEZUMA ASSAF
São Paulo
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Pouca-vergonha
R$ 3,8 bilhões dos impostos que nós, contribuintes, pagamos para serem gastos nas eleições do próximo ano. Uma afronta a todos os brasileiros. Será que os nossos “representantes” não sabem que os hospitais públicos estão a ponto de fechar as portas por não terem condições financeiras de cuidar com dignidade dos doentes? Equipamentos, insumos básicos, medicamentos, leitos, tudo isso falta para cuidar de quem lá chega gemendo de dor. Pacientes são jogados nos corredores, até cirurgias são feitas à luz de velas. Temos 57 milhões de residências sem acesso à rede de esgoto. Sem água encanada e sem coleta de lixo, também milhões de brasileiros. Um número expressivo de escolas públicas funciona em condições precárias e 59% da malha rodoviária brasileira, pavimentada, é considerada regular, ruim ou péssima e não conta com manutenção adequada. Até quando vamos ter de conviver com toda essa pouca-vergonha?
JEOVAH FERREIRA
Taquari (DF)
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Atuação deletéria
Enquanto se reservam R$ 3,8 bilhões para o famigerado fundo eleitoral, a Câmara dos Deputados mutila o pacote anticrime, apresentado pelo ministro da Justiça, tornando-o praticamente inócuo e favorável às futuras bandalheiras de políticos venais. Nesta oportunidade, seria interessante lembrar que existe um partido que não aceita participar dessa rapinagem e, mesmo assim, conseguiu eleger vários vereadores, deputados e até o governador de Minas Gerais. Assim, fica provado que essa nova derrama absurda, que desvia verbas necessárias à educação e saúde, só perpetua no poder antigas e execráveis sanguessugas que há anos infestam o Brasil.
LUIZ ANTÔNIO ALVES DE SOUZA
São Paulo
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PACOTE ANTICRIME
Muralha intransponível
A exclusão da prisão após condenação em segunda instância do pacote anticrime proposto pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, aprovada na quarta-feira 4/12, por 408 votos a favor, 9 contra e 2 abstenções, após dez meses de negociações, dá a exata medida de que não se pode esperar muito do Congresso Nacional quanto à alteração legal para permitir a prisão de condenados antes do trânsito em julgado. O número de congressistas investigados em inquéritos criminais ao início desta legislatura, 93 deputados e 25 senadores, incluídos os presidentes das duas Casas do Legislativo federal, só piora essa expectativa. Mais grave ainda, a pouca atenção que tem sido dada à muralha erguida pelos seis ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que formaram a escassa maioria para determinar que a prisão dos condenados só poderá ser feita quando não couber mais nenhum recurso. E mesmo que o Congresso surpreenda aprovando a prisão em segunda instância, qualquer questionamento sobre sua constitucionalidade acabará no STF...
SERGIO RIDEL
São Paulo
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SEGUNDA INSTÂNCIA
Eros Grau
O ex-ministro do STF Eros Roberto Grau teve a grandeza de voltar atrás e todos, principalmente os parlamentares, deveriam ler seu artigo no Estadão de ontem (A2). Imperdível!
VICTOR RAPOSO
São Paulo
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EDUCAÇÃO
Situação vexatória
Estarrecedora e deprimente a situação do ensino no País, que continua andando na contramão da História e nos coloca em situação vexatória até perante outros países mais pobres e menos desenvolvidos. Mais uma vez passamos vergonha com os resultados do Pisa de 2018. Os números revelaram as nossas deficiências e, pior, a estagnação do ensino no Brasil. Para ter ideia do tamanho do fiasco, só metade dos brasileiros de 15 anos demonstrou capacidade de leitura e interpretação de pequenos textos – a média nos países mais desenvolvidos é de 77%. Em Matemática, a situação é ainda mais escabrosa: menos de um terço dos nossos estudantes consegue identificar situações do dia a dia que podem ser convertidas em operações aritméticas simples, como a comparação de preços em moedas diferentes. O relatório do Pisa indica ainda que o mau resultado não se explica apenas pela falta de investimento público, pois ficamos atrás de nações com gastos semelhantes, como Turquia, Ucrânia e Sérvia. É lamentável, em especial, porque isso vai na contramão do nosso desenvolvimento. Cabe aos Estados e municípios buscar avanços urgentes na qualidade de ensino e no combate à evasão escolar.
TURÍBIO LIBERATTO
São Caetano do Sul
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“Julgo-me razoavelmente alfabetizado e informado, porém faltam-me adjetivos educados para qualificar esses políticos no que se refere ao fundo eleitoral”
GUTO PACHECO / SÃO PAULO, SOBRE O PRETENDIDO AUMENTO DE R$ 1,7 BILHÃO PARA R$ 3,8 BILHÕES
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“O Congresso Nacional trava R$ 22,8 bilhões dos ministérios, mas o deles tem liberação garantida. Somos androides dessa corte de privilegiados!”
FRANCISCO JOSÉ SIDOTI / SÃO PAULO, SOBRE OS CIDADÃOS INDEFESOS CONTRA A SANHA ARGENTÁRIA DOS POLÍTICOS
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