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Governo não mostra intenção de conter o crédito

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Por Redação
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A elevação da renda, fortalecida pela expansão do crédito, é a principal causa do aquecimento da economia. No entanto, não há nenhuma tentativa de conter o crédito, a não ser a do Banco Central (BC) aumentando a taxa básica de juros, que perde força com o crescimento da oferta de créditos direcionados, em geral com juro fixo.As operações de crédito aumentaram 2,1% em maio, em relação ao mês anterior, mas, enquanto os créditos direcionados cresciam 2,4%, os com recursos livres (justamente os mais sensíveis à atuação do BC) aumentavam de 2%. De dezembro de 2008 até maio deste ano, as operações com créditos livres passaram de uma participação de 29% no PIB para 30,2% e as direcionadas, de 11,9% para 15,1%. Temos de acrescentar que, em maio, enquanto o crédito para o setor público crescia 3,5%, para o setor privado aumentava 2,1%, apesar de uma elevação de 3,5% do crédito habitacional.Para completar este quadro geral das operações de crédito, é bom lembrar a participação das instituições públicas, responsáveis por 18,9% do PIB no crédito, ante apenas 18,4% das instituições privadas nacionais: as primeiras, aumentando, em um ano, 3,2 pontos porcentuais e as segundas, apenas 1 ponto, o que mostra claramente a responsabilidade do governo na expansão creditícia.Levando em conta que o crédito livre representa 66,7% do total dos créditos, cabe dar atenção particular a essas operações. Verifica-se, então, que, enquanto o saldo das operações do crédito para as Pessoas Jurídicas (PJs) cresceu 2%, para as Pessoas Físicas (PFs) aumentou 2,5%, evolução corrigida pelas concessões acumuladas (respectivamente de 6,3% e de 3,2%).A elevação da taxa Selic no final de abril, de 8,75% para 9,50%, teve um efeito sobre as taxas de juros dos bancos, que passaram de 26,3% a 27%, para as PJs, e de 41,2% para 41,5%, nas PFs, sem afetar a inadimplência, que ficou em 5,1% com um ligeiro aumento do prazo médio do crédito.O chefe do Departamento Econômico do BC considera que o crédito seguirá em expansão mesmo com taxa de juro mais alta. Não se percebe, da parte do governo, a intenção de restringir esse crescimento do crédito para conter uma expansão do consumo, que agora está ocorrendo também na indústria brasileira, que escolheu importar cada vez mais componentes do exterior, agravando as contas externas. Não se pode negar que o governo tem algumas responsabilidades nessa evolução.