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Greve afetou a demanda de bens industriais

Indicador Ipea Mensal de Consumo Aparente (CA) de Bens Industriais mostra recuo de 8,3% em relação a abril

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Por Redação
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A amplitude da paralisação dos transportes em fins de maio foi a principal responsável pela queda da demanda de bens industriais naquele mês. É o que aponta o Indicador Ipea Mensal de Consumo Aparente (CA) de Bens Industriais, mostrando recuo de 8,3% em relação a abril e de 3,7% entre os trimestres março a maio de 2017 e de 2018.

O indicador de consumo aparente é definido como a produção industrial doméstica líquida de exportações e acrescida de importações. O crescimento das importações evitou uma queda do índice semelhante à exibida em levantamento do IBGE, que registrou recuo de 10,9% na produção industrial entre abril e maio de 2018.

Na comparação entre maio de 2017 e maio de 2018, houve queda de 6,4% no consumo aparente de bens industriais, mas, na comparação em 12 meses, o porcentual apurado pelo Ipea ainda é positivo em 3,9%.

A pesquisa do Ipea mostra a queda generalizada da demanda, ainda mais intensa nos segmentos de bens de capital e de bens de consumo durável, que caíram, respectivamente, 14,6% e 22,6% entre abril e maio, na comparação com ajuste sazonal.

Poucos setores escaparam, em maio, da diminuição do consumo aparente, como a indústria extrativa, produtos de fumo e coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis. As comparações em 12 meses ainda mostram que a maioria dos setores está no campo positivo, mas em ritmo bem menor do que o de abril.

Os dados recentes do Ipea confirmam outras pesquisas do mesmo instituto evidenciando as dificuldades de recuperação do setor industrial. É o caso do indicador de investimentos, que apresentou um recuo de 11,3% entre abril e maio, na série com ajuste sazonal. O recuo mais intenso foi registrado no item máquinas e equipamentos, em queda de 14,6% no mês. O indicador de investimentos na construção civil cedeu 11,5% no período.

As dificuldades da indústria e a diminuição dos investimentos foram tão intensas que os efeitos negativos não deverão se limitar ao bimestre maio/junho, segundo empresários e analistas econômicos. Um dos aspectos mais graves é o da repercussão dos problemas sobre o mercado de trabalho.

Os efeitos da greve do transporte recaem, assim, não só sobre indicadores da atividade econômica, mas sobre os trabalhadores menos qualificados, que não têm como se defender.