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Greve custou um trimestre para o varejo

Varejo restrito teve queda de 0,3% entre maio e junho; varejo ampliado, que inclui automóveis, motos e materiais de construção, teve crescimento de 2,5%

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Por Redação
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O trimestre abril/junho foi praticamente perdido pelo comércio varejista, que quase teve interrompida a lenta recuperação em curso. O pior mês para o varejo foi maio, com decréscimo de vendas de 1,2% em relação a abril. Os números de junho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também revelaram recuo do setor.

O varejo restrito teve queda de 0,3% entre maio e junho, enquanto o varejo ampliado, que inclui automóveis, motos e materiais de construção, mostrou crescimento de 2,5%. Os resultados foram inferiores aos previstos pelas consultorias econômicas e indicam, quando muito, que a economia está em recuperação lenta.

É verdade que a maioria dos segmentos do varejo, incluindo móveis, eletrodomésticos, eletrônicos e tecidos, teve um comportamento razoável entre maio e junho, mas a queda de 3,5% do volume de vendas de supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo e de 1,9% de combustíveis foi determinante para o recuo do varejo restrito no mês. Foi decisivo o peso da greve, que provocou escassez de mercadorias e forte elevação de preços de itens essenciais de consumo.

Em períodos mais longos, os números do varejo continuam no campo positivo. Entre os segundos trimestres de 2017 e de 2018, o varejo restrito cresceu 1,6% e o varejo ampliado avançou 4,7%, beneficiado pela expansão de 15,1% das vendas de veículos. Entre os primeiros semestres deste ano e do ano passado, o varejo restrito cresceu 2,9% e o ampliado avançou 5,8%. Mas os indicadores perderam força em junho.

Estados mais desenvolvidos sofreram muito, com quedas acima da média em São Paulo, no Distrito Federal e em Minas Gerais. A resistência exibida pela economia paulista em junho não bastou, portanto, para dar sustentação ao comércio varejista.

Melhor será não superestimar as perspectivas de retomada do varejo neste semestre. A recuperação dependerá da estabilização dos níveis de inflação, mas também de uma melhora do mercado de mão de obra, que ainda patina.

A oferta de crédito começa a crescer e será fator de estímulo, notadamente de itens de maior valor, como veículos. Mas uma tendência positiva dependerá de queda acentuada de juros, para que as prestações dos financiamentos caibam na renda do consumidor.

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