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Importações deverão crescer

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Por Redação
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O Banco Central (BC) previa para 2009 um superávit comercial de US$ 20 bilhões, com exportações de US$ 158 bilhões e importações de US$ 138 bilhões. Segundo dados divulgados ontem, o superávit da balança comercial já chegou a US$ 19,968 bilhões, com exportações de US$ 97,935 bilhões e importações de US$ 77,967 bilhões. Tudo indica, portanto, que a previsão do BC era pessimista. A informação de que as importações de veículos automotores superaram as exportações já mostra o problema que o Brasil está encontrando: as dificuldades para exportar produtos manufaturados. De fato, a balança comercial apresenta, para os oito primeiros meses do ano, na média por dia útil, um valor superior ao de 2008 (US$ 12,3 milhões, ante US$ 10,24 milhões), mas no caso das exportações houve uma redução importante dessa média (-24,7%), e o resultado melhor da balança comercial só se explica pela redução ainda maior das importações (-31,1%) na média por dia útil. Isso nos leva a examinar como a balança comercial poderá evoluir nos quatro últimos meses do ano. A queda das exportações se deveu basicamente a dois fatores: queda na demanda externa de commodities e, mais ainda, na de produtos manufaturados, situação que foi agravada pela evolução da taxa cambial, pois a valorização do real ante o dólar encareceu os bens brasileiros para os estrangeiros. Parece difícil que neste final do ano haja mudança de situação, pois os países industrializados mostram uma recuperação muito limitada - especialmente os europeus -, enquanto as perspectivas para os da América Latina continuam difíceis. Poderá haver, talvez, apenas uma ligeira melhora na exportação de commodities. Não se pode esperar nenhuma revolução na política cambial. No caso das importações, ao contrário, a situação pode mudar significativamente até o final do ano, quando a demanda doméstica aumenta e estimula a indústria a produzir mais. No entanto, os dados da recuperação da produção industrial em julho indicam que, além do setor de bens de capital, reagiu também o setor de bens de consumo durável, que são os que mais utilizam componentes importados. Com uma melhora da renda das famílias, em razão do 13º salário, teremos uma demanda maior por esses bens, o que acarretará em crescimento das importações. As perspectivas, portanto, são de superávit decrescente da balança comercial.