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Investimento externo caiu, mas pode voltar

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Por Redação
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Não chegam a surpreender os dados do ranking da Conferência da Organização das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) dando conta de que o Brasil caiu da 4.ª para a 8.ª colocação entre os países que mais recebem investimentos diretos do exterior. Com a estagnação da economia do País em 2014 e a recessão que se instalou a partir de 2015, é natural que os investidores estrangeiros tenham se retraído. É provável, afirma a Unctad, que em 2016 o País não figure nem mesmo entre os dez maiores receptores de capital estrangeiro.

Como mostra a Unctad, o País ficou em 2015 na contramão do fluxo internacional de capitais em todo o mundo, que registrou crescimento de 38% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 1,76 trilhão. Enquanto isso ocorria, a entrada de investimentos diretos no Brasil acusava uma queda de 11,5%, não passando de US$ 75 bilhões, de acordo com números do Banco Central (BC). No restante da América Latina também houve recuo de investimentos externos.

Nota ainda aquela organização internacional que o estoque de capital estrangeiro no País se reduziu, tanto em razão da desvalorização do real como da fuga de capitais, recuando de US$ 640 bilhões em 2010 para US$ 485 bilhões no final de 2015.

A grande questão é saber se esta é uma situação transitória ou se deve perdurar por muitos anos. Um fato relevante a notar é que, apesar de seus graves problemas econômicos, o País não enfrenta uma crise cambial. O ingresso de investimentos diretos diminuiu, mas ainda é significativo, tendo sido de US$ 23,763 bilhões no período janeiro-abril deste ano, o que torna bastante realista a projeção do BC de um total de US$ 70 bilhões ao fim de dezembro.

Com um saldo na balança comercial esperado da ordem de US$ 45 bilhões a US$ 50 bilhões, a projeção do déficit em conta corrente foi recentemente revista pelo BC de US$ 25 bilhões para US$ 15 bilhões. Além disso, o País mantém US$ 377 bilhões de reservas internacionais.

É importante ressaltar que não só as contas externas estão em ordem, mas o atual governo vem tomando medidas para um ajuste fiscal em bases permanentes, de modo a restaurar a confiança interna e externa no País. Isso, certamente, influenciará as decisões de companhias estrangeiras a investir mais no Brasil, como fizeram no passado, atraídas pelo potencial do nosso mercado doméstico.