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Investimento não afeta o saldo externo corrente

O recuo do investimento direto no País, de US$ 6,1 bilhões em maio de 2016 para US$ 2,9 bilhões em maio de 2017, pode ter decorrido de fatores transitórios, como pode sinalizar uma leve redução do interesse pelo Brasil

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Por Redação
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O recuo do investimento direto no País, de US$ 6,1 bilhões em maio de 2016 para US$ 2,9 bilhões em maio de 2017, pode ter decorrido de fatores transitórios, como pode sinalizar uma leve redução do interesse pelo Brasil. Mas, em qualquer das hipóteses, como se poderá ver, em pouco ou nada afetou o resultado final do setor externo, conforme a nota distribuída há alguns dias pelo Banco Central.

Pelo terceiro mês consecutivo houve saldo positivo nas transações correntes, o mais importante dos indicadores do estado do balanço de pagamentos. O superávit corrente atingiu quase US$ 2,9 bilhões em maio e mostrou déficit nos primeiros cinco meses do ano de apenas US$ 616 milhões, 10% do registrado em igual período de 2016. O Banco Central (BC) ainda projeta um déficit de US$ 24 bilhões neste ano, quase idêntico ao de 2016 (US$ 23,5 bilhões), mas é possível que o desequilíbrio seja menor. Se isso ocorrer, será por mau motivo: a lentidão da retomada econômica. Os brasileiros, por exemplo, investiram pouco no exterior: apenas US$ 841 milhões, ante quase US$ 6 bilhões em igual período de 2016.

Acima de tudo, o saldo externo continua dependendo da recuperação do superávit da balança comercial, que alcançou US$ 7,4 bilhões em maio e quase US$ 30 bilhões nos primeiros cinco meses do ano, apoiado pela recuperação das exportações. Também no comércio exterior a projeção do BC de um saldo de US$ 54 bilhões neste ano poderá se revelar modesta.

Ante o aumento do juro básico nos Estados Unidos, houve quem temesse uma diminuição do fluxo de capitais de empréstimo para o País, mas isso não se verificou. A taxa de rolagem da dívida brasileira que venceu em maio atingiu 149% – há gente disposta a transferir recursos para o País (a taxa de rolagem foi de 95%), sob a forma de empréstimos ou da compra de títulos brasileiros, em vez de retirá-los daqui.

Com uma taxa de câmbio competitiva, o Brasil deverá manter algum crescimento das exportações. Assim poderá aumentar a corrente de comércio (soma de exportações e importações), que reflete a vitalidade do comércio exterior.

Com o saldo corrente próximo do equilíbrio e reservas cambiais estáveis ou em ligeira alta, o balanço de pagamentos dará folga para a retomada econômica e suportar pressões por mais um bom tempo.