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Investimentos em baixa na indústria

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Por Redação
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Depois de cinco anos consecutivos de aumentos dos investimentos na indústria, parece que entramos numa fase de estagnação. Segundo a Consultoria Tendências, confirmada pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o consumo aparente - produção doméstica, mais importação, menos exportação - do setor apresentou queda de 16% em novembro, de 10% em dezembro e de 10% em janeiro. O que não se estranha, dados um forte recuo das exportações e uma economia doméstica em forte desaceleração. Num quadro econômico como esse não se investe mesmo, tanto mais quando sobrevém falta de crédito - sem falar do aumento do seu custo já elevado -, pois investimentos só são feitos com financiamentos, por representarem custos sem geração imediata de receitas. Nas circunstâncias isso é normal, mas lamentável. A indústria e a construção civil haviam tirado proveito da valorização do real em relação ao dólar para aumentar suas importações de máquinas e equipamentos com o objetivo de modernizar fábricas, aumentar a capacidade de produção e reduzir custos. Essas importações tiveram o efeito positivo de ser complementadas por equipamentos nacionais, o que, por sua vez, levou muitas empresas instaladas no Brasil a se modernizarem e a ampliarem a oferta de novas máquinas. Todo o processo se traduziu em forte crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que no terceiro trimestre do ano passado apresentava aumento de 17,3% em relação ao mesmo período de 2007. Isso deu ao Brasil melhores condições para aumentar sua competitividade no mercado internacional, o que se comprovou com o crescimento das exportações de produtos industrializados. A interrupção desse processo poderá ter graves consequências não só para as empresas. Cumpre dizer que terá um efeito negativo também sobre os investimentos públicos, que o governo decidiu aumentar: o de torná-los mais dispendiosos. O que se pode desejar é que o governo ajude as empresas para, pelo menos, completar os investimentos ainda não terminados, que representam um gasto elevado sem oferta de bens que ajudem a conter os preços. Se as autoridades conseguirem montar um plano que favoreça a construção civil, este será o único setor que continuará a investir e para o qual o governo estará no direito de exigir uma redução de preços que até agora não se verificou.