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Investimentos em Santos

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Por Redação
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Por causa da crise internacional, as empresas privadas de terminais portuários estão revendo seu programa de investimentos para os próximos cinco anos. É possível que, pelo menos enquanto o ambiente econômico não melhorar, essas empresas mantenham congelados cerca de 20% desse programa, que prevê a aplicação de R$ 20 bilhões. No entanto, o Porto de Santos, o maior do País e responsável por cerca de 25% do comércio exterior brasileiro, não terá investimentos suspensos ou cancelados. Um balanço feito pela Secretaria Especial de Portos indicou que estão mantidos os projetos do governo e do setor privado de aplicar R$ 4,6 bilhões no Porto de Santos neste ano e em 2010, para melhorar sua infraestrutura e ampliar sua capacidade de movimentação de carga. No ano passado, a movimentação de cargas no Porto de Santos alcançou 81,1 milhões de toneladas, um pouco mais do que o total movimentado em 2007, de 80,8 milhões de toneladas. O resultado surpreendeu a diretoria da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que até novembro do ano passado projetava uma redução no total movimentado em 2008, na comparação com o ano anterior, por causa da crise. Por causa da crise, como previu a Codesp, caíram as exportações nos últimos meses do ano, mas também aumentaram mais rapidamente as importações, de modo que o resultado total acabou sendo um pouco melhor do que o de 2007. Os investimentos mantidos para Santos destinam-se a um conjunto de pelo menos 17 obras, que empregarão 5,7 mil trabalhadores. Elas contam com R$ 861 milhões do governo federal (são obras incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento, PAC) e R$ 3,7 bilhões de empresas privadas. Se o cronograma for cumprido, o Porto de Santos terá capacidade operacional para movimentar até 100 milhões de toneladas de carga em 2010, mesmo que parte das obras não esteja concluída. A Lei dos Portos, de 1993, permitiu a entrada de empresas privadas no embarque e na descarga de mercadorias. Hoje, toda a operação de serviços portuários - e isso ocorre em Santos - é feita por empresas particulares. A privatização melhorou a eficiência do porto e a concorrência teve como resultado mais visível a redução das tarifas portuárias. Além disso, as empresas privadas investem bem mais do que o setor público na melhoria, modernização e ampliação dos serviços portuários. De acordo com reportagem publicada pelo jornal Valor, três empresas particulares responderão pela maior parcela dos investimentos previstos para Santos até 2010. A Brasil Terminais Portuários (BTP), ligada a um grupo francês, investirá R$ 1,1 bilhão no terminal para contêineres e granéis líquidos. A Embraport, do grupo capixaba Coimex, investirá R$ 1,2 bilhão, também no terminal de contêineres e granéis líquidos, especialmente etanol. A APM Terminals investirá R$ 1,0 bilhão no terminal exclusivo para contêineres. Embora não alcancem esses valores, há outros investimentos privados de porte, como os R$ 100 milhões que o Tecondi aplicará na ampliação de seu terminal de contêineres e os R$ 100 milhões programados para o Terminal de Exportação de Veículos (TEV), na margem esquerda. Dos projetos do governo federal, dois são novos. Um é o do reforço da estrutura de 7 quilômetros do cais, outro é o da passagem subterrânea entre os armazéns 1 e 2, para evitar o cruzamento dos tráfegos ferroviário e rodoviário. Há também projetos de modernização do sistema de segurança e de monitoramento eletrônico da movimentação de navios, da barra de Santos até o cais. Outros projetos são antigos e mostram como tem sido lenta a ação pública na melhoria do Porto de Santos. Um deles é o de dragagem para o aprofundamento do canal em até 17 metros, o que permitirá a entrada de navios de grande porte. Outro é o de derrocamento de duas grandes formações rochosas que dificultam a navegação e a atracação. Por fim, o governo federal reservou verbas para a remoção dos destroços do navio grego "Ais Giorgios", que naufragou em 1974 e cuja estrutura, parcialmente submersa, está em frente ao armazém 17. Há muito tempo se anuncia a realização desses serviços e obras, que têm sido sistematicamente adiados.