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Já em 2014 a crise destruía muitas empresas

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Por Redação
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Entre 2013 e 2014, quando a grande recessão brasileira estava apenas começando, caiu em 288,9 mil o número de empresas ativas, de quase 5,4 milhões para 5,1 milhões, segundo o Cadastro Central de Empresas (Cempre) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O emprego assalariado ainda aumentou em 2014 (+0,8%), bem como o salário médio real. Mas diminuiu, proporcionalmente ao fechamento de empresas, o número de sócios e proprietários das companhias: de 7,276 milhões em 2013 para 6,992 milhões no ano seguinte (283,9 mil menos). É provável que os números de 2015, quando o PIB caiu 3,8%, indiquem uma nova queda.

Como afirmou Francisco de Souza, gerente de Disseminação, Análise e do Sistema de Manutenção Cadastral do IBGE: “O que percebemos foi o início de um processo de queda. Não sabemos como vai se comportar o dado em 2015, mas provavelmente pode haver número parecido com o de 2014 ou um pouquinho pior”.

Com abrangência nacional, o Cempre registrou um número total de ocupados de 55,2 milhões em 2014, dos quais 48,2 milhões eram assalariados. Os salários e outras rendas perfizeram o total de R$ 1,47 trilhão (cerca de 26% do PIB). O salário médio mensal ainda cresceu 1,8%, de R$ 2.260 para R$ 2.301.

O Cempre é feito desde 2007 e o referente a 2014 é o primeiro a registrar diminuição do número de empresas. Entre 2008 e 2014, quase todos os indicadores foram positivos: o número de companhias cresceu 10,8%; o pessoal ocupado assalariado, 24%; os sócios e proprietários, 13,4%; os salários e outras remunerações, 50%; e o salário médio mensal, 16,3%. Entre as raras quedas esteve a da participação do número de empregados na área pública ( -2,4%).

O estudo retrata o período de ganhos para empresas e famílias – em parte transitórios – propiciados pelas liberalidades fiscais da era lulopetista. A conta salgada só começou a ser apresentada à sociedade no final do primeiro governo Dilma – e os indicadores permitem supor que ela será distribuída desigualmente, dada a concentração da atividade.

Por exemplo, as empresas de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas superaram a indústria de transformação e foram as que mais empregaram pessoal entre 2008 e 2014 – o número de empregados chegou a 9,3 milhões (19,3% do total). E se trata de um dos segmentos mais atingidos pela recessão.