07 de junho de 2016 | 03h00
Diminuiu, assim, a poupança financeira – ou seja, os recursos de que dispõem pessoas físicas e jurídicas para investir. Dados do IBGE não comparáveis com os do Cemec, mas que reforçam a gravidade do problema, indicam que entre os primeiros trimestres de 2015 e 2016 a taxa de poupança caiu de pífios 16,2% do PIB para o nível ainda mais baixo de 14,3% do PIB.
Em igual período, segundo o Cemec, a poupança em instrumentos de captação bancária, títulos da dívida pública e compulsória (FGTS e FAT) aumentou, sem compensar a queda de valor das ações. Cresceram mais as aplicações em títulos bancários incentivados (Letras Financeiras, Letras de Crédito Imobiliário e de Crédito Agrário), além de títulos públicos, em especial na modalidade Tesouro Direto.
Segundo Carlos Antonio Rocca, responsável pelo estudo, a experiência internacional comprova a importância do mercado de capitais como fator de crescimento. No Brasil é pequeno o número de empresas com acesso ao mercado de ações ou ao mercado de dívida corporativa (de longo prazo). E há poucos investidores: apenas 0,3% da população aplicava em ações em 2013, ante 31% no Japão, 13% nos Estados Unidos, 4% na Alemanha e 0,7% na Índia.
O desinteresse pelo mercado de ações cresceu com as falhas na governança corporativa em empresas estatais, impondo prejuízo a investidores minoritários, como na Petrobrás e na Eletrobrás. O calote da OGX também afetou o mercado de dívidas corporativas.
Sem acesso ao mercado de capitais, a quase totalidade das empresas brasileiras depende de empréstimos a juros muito altos para se financiar. Perdem, assim, condições de disputar o mercado com grandes empresas que podem se valer do mercado acionário e companhias que tomam crédito a juros módicos.
Capitalizar-se por meio de emissão de ações ou debêntures permitiria às empresas não só sobreviver à recessão, mas recuperar a capacidade de investir.
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