27 de abril de 2013 | 02h05
Nesse ranking anual de conectividade, o Brasil subiu do 65.º para o 60.º lugar entre 144 países, abaixo de Rússia (54.º) e China (58.º) e acima de Índia (68.º) e África do Sul (70.º). Na América Latina, o Brasil é superado por Chile (34.º), Porto Rico (36.º), Barbados (39.º), Panamá (46.º), Uruguai (52.º) e Costa Rica (53.º). A classificação leva em conta fatores como a infraestrutura, o nível de preparo para o uso de TI, a qualidade e o custo do acesso aos sistemas e a facilidade para fazer negócios e promover inovação, além dos efeitos da TI sobre a economia e a sociedade. Tudo isso se resume no que o Fórum chama de "Índice de Prontidão de Conexão em Rede", isto é, a qualidade da conexão digital e da troca de informações. No caso brasileiro, a ligeira melhora no ranking se deu em razão de alguns avanços em infraestrutura e na capacidade de uso de banda larga, além da ampliação da rede de celulares. Mas a situação do País, afirma o relatório, não reflete a força de uma economia que está entre as dez maiores do mundo.
O Fórum avalia que está "estagnado" o processo brasileiro de transformação do aumento da cobertura de internet e de telefonia móvel em ganhos econômicos, em inovação e em competitividade. Duas das causas dessa estagnação se destacam. A primeira é a conhecida fragilidade do ambiente de negócios, com seu pendor burocrático e sua complexa estrutura de custos. Nesse item do ranking, o País aparece em 126.º lugar. A segunda causa, mais grave, é a qualidade da educação, que coloca o Brasil em 116.º lugar. Para os autores do estudo, o sistema educacional "não parece adequado para providenciar os conhecimentos necessários para uma economia em rápida mutação e que necessita de um conjunto significativo de talentos". No ensino de matemática e ciências, essencial para formar os profissionais que atuarão com tecnologia da informação, o Brasil aparece num vergonhoso 132.º lugar.
Outro problema importante é o custo do acesso. As altas tarifas de celular colocam o País na 130.ª posição. Além disso, nem metade da população usa a internet - e, dos que usam, apenas 8% dispõem de banda larga. Ao mesmo tempo que mostram um enorme potencial de crescimento, esses números revelam a persistente lentidão da expansão tecnológica nacional.
O relatório do Fórum acentua que, com a atual hiperconectividade, que implica troca imediata de informações e acessibilidade digital constante, as relações econômicas e sociais estão mudando drasticamente, abrindo novas e promissoras formas de desenvolvimento e de geração de empregos. A entidade calcula que, só em 2011, a digitalização tenha gerado 6 milhões de empregos e jogado US$ 193 bilhões na economia mundial. No entanto, ainda há um enorme fosso a separar os países emergentes das nações ricas, e não basta baratear celulares para dar o salto tecnológico necessário para que o Brasil se equipare aos países avançados. É preciso, diz o relatório, "um ecossistema que estimule o empreendedorismo e fortaleça as condições para que haja inovação". Mas isso não acontecerá enquanto tivermos tantos entraves aos negócios e, principalmente, enquanto tivermos uma educação que rivaliza com a dos países mais pobres do mundo.
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