09 de julho de 2011 | 00h00
James Murdoch, principal executivo e vice-chefe de operações da News International, anunciou o fim do News of the World numa aparente tentativa de preservar a imagem do grupo e estancar a sangria de receita provocada pelo boicote de anunciantes que vinha ocorrendo nos últimos dias, como reação à divulgação de investigações policiais e de revelações contidas em reportagens do diário londrino Guardian, segundo as quais em março de 2002 um detetive particular a serviço do World grampeou o celular de uma menina de 13 anos, Milly Dowler, pouco depois de ela ter sido sequestrada e assassinada, tendo o tabloide usado o conteúdo do grampo para dar à família da vítima a impressão de que a jovem ainda estava viva, e com isso prolongar a exploração sensacionalista do triste episódio. Expediente semelhante havia sido usado em outras ocasiões. Além disso, foram simultaneamente divulgadas denúncias de que a direção do dominical recorria regularmente ao suborno de policiais para obter informações exclusivas sobre investigações em curso.
No comunicado que leu para executivos da News International no dia 7, James Murdoch foi categórico ao admitir os "problemas muito sérios" criados pelo News of the World. "Se são verdadeiras as recentes denúncias, o que foi feito é desumano e inadmissível em nossa corporação" e os responsáveis "terão que arcar com as consequências". Para tanto, a News International, segundo Murdoch, está colaborando estreitamente com as investigações policiais. "Assim como me dei conta de que erramos, espero que vocês e todos dentro e fora da empresa entendam que estamos fazendo o melhor possível para corrigir nossos erros e garantir que nunca mais se repitam", enfatizou o empresário.
No mesmo dia em que o fechamento do World foi anunciado, o respeitável The Economist publicou em sua versão online uma contundente matéria sob o título É necessária imediatamente uma completa investigação judicial para limpar o jornalismo britânico, na qual se refere genericamente aos tabloides como a "imprensa do esgoto" e afirma que "as denúncias de que o News of the World, o maior jornal dominical britânico, violou a caixa de mensagens do celular de uma adolescente assassinada é uma mancha para o jornal e para a News International, sua proprietária. Mas o mau cheiro chega muito mais longe. Na medida em que novas denúncias de violações vêm à tona, o próprio jornalismo cheira mal. Bem como os políticos britânicos e especialmente a polícia".
Uma das consequências do escândalo, opina The Economist, poderá ser o reforço da exigência de maior regulação da imprensa, e isso "causaria provavelmente mais danos do que benefícios", já que "a Grã-Bretanha tem uma das legislações mais duras do mundo sobre calúnia e difamação", e conceder ao Estado maiores poderes para controlar a mídia é sempre "uma tentação perigosa para os governantes". E conclui afirmando que, "se for provado que os dirigentes da News Corporation acobertaram violações da lei, eles não deveriam estar no comando de jornais ou emissoras de televisão. Deveriam estar na cadeia".
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