
22 de junho de 2010 | 00h00
Durante muito tempo os bancos procuraram difundir o uso de cartões de crédito levando em conta que os ganhos que auferiam das empresas comerciais que aceitavam o pagamento com cartão permitiam assumir o risco da inadimplência dos portadores de cartão. A oferta foi realizada sem levar em conta a capacidade financeira dos clientes, e nem todos tinham conta no banco emissor do cartão. Felizmente, houve um acordo entre os bancos para que emitissem cartão só quando fossem realmente pedidos.
No entanto, com o alargamento das classes C e D, os bancos foram solicitados a emitir novos cartões sem verificar a capacidade financeira dos seus titulares. E mais: utilizaram não apenas o atrativo do "pagamento mínimo", como inventaram o crédito rotativo para estimular os titulares dos cartões a recorrer a empréstimos vinculados aos cartões, chegando, em caso de atrasos, a cobrar juros de 238,30%, taxa muito maior do que a do cheque especial (181,30%), que já era muito elevada diante do crédito pessoal, com taxa de 42,9%.
E não esqueçamos de que esse aumento da emissão de cartões de crédito ocorreu quando o crédito consignado se ampliava e que a política de casa própria baixada pelo governo se traduz por um endividamento de prazo muito longo, em que o mutuário fará tudo para não perder o imóvel adquirido, que é a garantia para a instituição financeira.
Além disso, os bancos aceitaram que as lojas oferecessem pagamentos a prazo longo, muitas vezes com a garantia dos cartões de crédito.
Neste contexto, pode-se entender a preocupação dos bancos com a possibilidade futura de uma explosão de inadimplência, quando se considera que só no mês de abril se registraram 224,4 milhões de operações com cartões de crédito.
Caberia aos bancos mostrarem-se mais cautelosos na distribuição de cartões, fixando um limite de financiamento para eles. Seria bom, também, que estudassem a possibilidade de eliminar o "pagamento mínimo", que é um convite ao endividamento, e recusassem operações com prazos de pagamentos de mais de três meses.
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