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Menos camelôs nas ruas

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Por Redação
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Já são notados, nas ruas de São Paulo, os resultados da combinação da ação eficaz de fiscalização dos ambulantes, do combate ao comércio ilegal nas vias públicas e do bom desempenho do mercado de trabalho, que, apesar da crise mundial, continua a gerar empregos. Por causa da melhora de sua renda e da redução do número de ambulantes, boa parte da clientela tradicional desse tipo de atividade passou a procurar as lojas regulares, o que tornou cada vez menos rentável o que já era arriscado, por causa do cerco das autoridades - trabalhar ilegalmente no comércio de rua. Para muitos camelôs, empregar-se numa empresa, com salário pago regularmente e benefícios trabalhistas, passou a ser uma opção mais vantajosa.Está cada vez mais fácil e mais seguro circular pelas ruas e praças tradicionalmente ocupadas pelas barracas desses vendedores. Só no ano passado, um quarto dos ambulantes deixou as vias públicas dos municípios da região metropolitana de São Paulo e passou a viver por outros meios - encontrou emprego em firmas da região ou voltou para suas localidades de origem, onde passou a dispor de oportunidades de trabalho com que até há algum tempo não podia contar.A Pesquisa de Emprego e Desemprego de 2011, da Fundação Seade e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostrou que o emprego no segmento de trabalhadores do comércio de vias públicas - o que inclui camelôs e outros vendedores que trabalham nas ruas - diminuiu 25,4%. No início de 2011, eram 161 mil ambulantes; no fim, cerca de 120 mil. Ainda há muitos, mas são 41 mil menos nas ruas da Grande São Paulo.Em 2004, a região metropolitana chegou a ter 206 mil ambulantes, o que representava 2,7% da população ocupada. Em 2011, o porcentual de ambulantes em relação ao total dos ocupados, de 1,2%, é o menor desde que a pesquisa passou a incluir esse tipo de trabalhador, em 1999."A geração de vagas formais e o aumento da renda são um incentivo à redução no número de camelôs", disse ao jornal Valor (10/4) o coordenador da pesquisa, Alexandre Loloian. "Sempre há aqueles que fazem do trabalho de ambulante uma escolha de vida, mas os que partiram para isso por falta de opção agora estão encontrando oportunidades em outros setores."Em 2011, o comércio da Grande São Paulo abriu 39 mil vagas; no setor de serviços, o índice de emprego aumentou 3,7%, com a abertura de 180 mil postos de trabalho. Muitos dos que deixaram o trabalho no comércio, legal ou ilegal, das ruas podem ter preenchido parte dessas novas vagas. A redução da participação dos nordestinos entre os ambulantes, de 41,2% em 2009 para 32,6% em 2011, sugere que outra parcela desses trabalhadores retornou à sua região de origem. "São Paulo é uma região difícil e cara de se viver", observou Loloian. "Se há uma condição de vida melhor na cidade natal, é natural que eles voltem."Não se pode ignorar, porém, o efeito positivo de dois outros importantes fatores sobre o comércio de rua na região metropolitana, sobretudo na capital. Um desses fatores é a Operação Delegada, que vem produzindo bons resultados desde sua implementação, em dezembro de 2009. Por meio dessa operação, policiais militares (PMs) recebem uma remuneração extra da Prefeitura paulistana para, em suas horas de folga, participar do combate ao comércio ilegal nas ruas. É o resultado de um trabalho conjunto das administrações estadual e municipal.No ano passado, foram intensificadas as operações da Força-Tarefa de combate à pirataria e ao contrabando. Criada em 2002, na gestão Marta Suplicy, com a participação inicial da Guarda Civil Metropolitana e de fiscais da Prefeitura, a Força-Tarefa foi ampliada com cooperação das Polícias Civil, Militar e Federal, do Ministério Público Federal e da Receita Federal.Pelos resultados acumulados até agora por essas operações, a população conta com sua manutenção e espera que suas ações não sejam esporádicas. Se isso for feito e a economia continuar ajudando, certamente ficará ainda mais fácil para a população circular pela Grande São Paulo.