
18 de fevereiro de 2015 | 02h03
O ministro mencionou explicitamente o México, o Chile, o Peru e a Colômbia, numa entrevista no começo de janeiro, ao falar sobre as possibilidades de acordos com outros blocos. Os quatro países formam o núcleo da Aliança do Pacífico. No ano passado, em Davos, na Suíça, o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, comentou a hipótese de um acordo com os países do Mercosul. Uma condição, segundo ele, seria uma abertura maior desses mercados. Lá mesmo, um dia depois, a presidente Dilma Rousseff rejeitou, numa entrevista, a ideia de uma abertura maior. O tamanho do mercado, segundo ela, é um dos ativos importantes do Brasil. Ao fazer essa declaração, ela se permitiu um sorriso esperto.
Chile, Colômbia e México, assim como o Canadá, têm acordos de livre-comércio com os Estados Unidos, a maior economia do mundo. O Peru tem um acordo de promoção comercial. Países da América Central também têm vínculos de livre-comércio com a potência número um, assim como Coreia do Sul, Cingapura e Austrália. O Brasil continua fora desse clube. A decisão foi tomada pelo presidente Lula, quando resolveu, com o colega argentino Néstor Kirchner, impedir a formação da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca). Sem o Mercosul, Washington comandou a formação de uma Alca parcial, mas muito ativa, com a maior parte dos países americanos.
O erro do presidente Lula, inspirado pela incompetência triunfal de sua assessoria para assuntos internacionais, excluiu o Brasil do acesso preferencial ao mercado americano. Outros latino-americanos tiveram esse benefício, assim como alguns dos mais dinâmicos parceiros da Ásia. Mesmo sem preferência, a China continuou ganhando espaço entre os fornecedores dos Estados Unidos. O risco representado pela China havia sido mencionado pelo principal negociador americano, embaixador Robert Zoellick - esnobado por Lula, num espetáculo de desinformação, como "sub do sub do sub".
Como consequência do terceiro-mundismo bolorento do governo petista, o Brasil passou a depender da Argentina e de alguns vizinhos, para exportar manufaturados, e da China, para absorver seus produtos básicos em troca de manufaturados. Entre 2003 e 2014, as exportações para o mercado chinês aumentaram 795% e chegaram a US$ 40,62 bilhões, mas as vendas de industrializados chegaram no ano passado a modestíssimos US$ 6,29 bilhões, incluído US$ 1,62 bilhão de manufaturados. As exportações de manufaturados para os Estados Unidos, em 2014, alcançaram US$ 13,67 bilhões. As de industrializados, US$ 19,03 bilhões. No comércio com a Argentina, atolada há anos numa crise de incompetência populista, as exportações dessas categorias ficaram em US$ 12,75 bilhões e US$ 13,07 bilhões. Além da crise interminável, o protecionismo argentino também tem imposto grandes custos ao Brasil. Depois, o fracassado Mercosul ainda se tornou um trambolho, porque nenhum de seus membros pode negociar sozinho acordos de livre-comércio.
Se livrar o País dessa herança de incompetência, o novo ministro realizará um grande trabalho. Então o ex-presidente Lula terá motivos para se queixar, como já tem feito, do abandono de seu legado diplomático. O País poderá comemorar.
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