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Nova restrição aos caminhões

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Por Redação
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Ao proibir o trânsito de caminhões na Marginal do Pinheiros e nas Avenidas dos Bandeirantes e Roberto Marinho, o prefeito Gilberto Kassab cumpre o compromisso, registrado na Agenda 2012 - plano de metas da gestão municipal -, de ampliar a restrição à circulação de veículos pesados, uma vez inaugurado o Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, o que ocorreu em março. A obra deveria retirar da cidade pelo menos 20% da frota circulante de 210 mil caminhões, que utilizam as vias urbanas como passagem para o Porto de Santos e outros destinos no Sul do País.Passados três meses do início da operação do Trecho Sul, balanços da CET mostraram situação preocupante: enquanto o novo trecho do Rodoanel apresenta movimento de 20 mil caminhões por dia - menor que o previsto -, a Avenida dos Bandeirantes voltou a receber pelo menos 30% dos veículos pesados que, logo após a inauguração do anel, haviam mudado de rota. O caminho mais curto e a possibilidade de não pagar pedágio no Trecho Oeste devolveram as carretas à cidade. A restrição anunciada deve forçar os caminhões a voltar a usar os 61,4 km do Trecho Sul do Rodoanel, que custaram R$ 5,5 bilhões. Nos primeiros meses de operação, o Rodoanel contribuiu decisivamente para reduzir em 36% os períodos de lentidão na Avenida dos Bandeirantes e aumentar a velocidade dos automóveis em 40%. As restrições, portanto, são indispensáveis para disciplinar o tráfego de veículos pesados na capital. Estudos da CET, realizados em meados de 2008, quando a Prefeitura começou a organizar o novo sistema de circulação de carga, mostraram que 15% dos veículos que rodavam diariamente nos horários de pico eram caminhões. Essa frota pesada ocupava 42% do espaço físico de uma malha viária que não tem como crescer no ritmo necessário numa cidade que emplaca, em média, 800 novos veículos por dia e está longe de contar com um sistema de transporte público eficaz. Como era esperado, a medida, que vigorará a partir de hoje, despertou críticas entre os representantes do setor de transporte de carga. "Nem todos os caminhões seguem para o Porto de Santos", lembrou o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga (Setcesp), Manoel Sousa Lima Júnior. Segundo ele, nos corredores agora incluídos na Zona de Máxima Restrição de Circulação (ZMRC) estão instaladas indústrias pesadas que devem ser continuamente abastecidas por carga de grande peso e volume, e que não pode ser fracionada. A substituição das carretas por veículos menores, os Veículos Urbanos de Carga (VUCs) encareceria a operação.Mas o interesse de algumas indústrias e de seus fornecedores não pode prevalecer sobre o de toda a população, que sofre com a poluição ambiental agravada pelas carretas e com os congestionamentos provocados por acidentes frequentes envolvendo esses veículos pesados. Apesar de representarem somente 4% da frota paulistana, os caminhões causam pelo menos 35% dos congestionamentos. No ano passado, os agentes da CET atenderam a 98 chamados diários relativos a acidentes e bloqueios de pistas envolvendo caminhões. A demora para remover um veículo pesado é de no mínimo 30 minutos, o que provoca 6 quilômetros de congestionamento.Estudos mostram também que a inauguração do Trecho Sul do Rodoanel e a retirada de 20% dos caminhões dos principais corredores da capital reduzem em 6% a emissão de gases poluentes em São Paulo. Medidas complementares, como a tomada agora pela Prefeitura, são essenciais para reduzir os efeitos do constante crescimento da frota. A partir de hoje, os caminhões só poderão circular livremente por São Paulo durante a semana entre 21 e 5 horas. Em outros horários, só serão permitidos os VUCs, observadas as condições do rodízio municipal de veículos. A inclusão da Marginal do Tietê entre as vias em que há restrição aos caminhões - anunciada para os próximos meses - completará o novo sistema de circulação de carga.