15 de novembro de 2014 | 02h02
A colheita poderá ficar entre 194,39 milhões e 199,97 milhões de toneladas, segundo a nova estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Num extremo, haverá redução de 0,1% em relação à safra anterior. No outro, aumento de 2,7% e um novo recorde. O prognóstico do IBGE, pouco diferente e centrado em 198,3 milhões de toneladas, aponta expansão de 2,5%.
A melhor notícia é a boa disposição exibida pelos produtores. A agricultura empresarial contratou entre julho e setembro financiamentos de R$ 42,5 bilhões, valor 16% maior que o de um ano antes, e ainda há muito dinheiro disponível. De janeiro a setembro, as entregas de fertilizantes, de 23,74 milhões de toneladas, foram 7,3% mais volumosas que as de um ano antes. Segundo estimativa da Conab, o total deverá chegar a 32,8 milhões de toneladas neste ano. Em 2013, as entregas haviam atingido o recorde de 30,7 milhões de toneladas.
As vendas de máquinas diminuíram 20%, mas o total do ano passado também foi o maior de todos os tempos. Não se compram tratores e colhedeiras todos os anos e, portanto, essa redução de nenhum modo representa um problema para a produção agrícola, como indica o relatório da Conab.
Os agricultores ainda estão plantando as lavouras de verão. A atividade em algumas áreas só começou há pouco, por causa do atraso das chuvas. Como sempre, as estimativas de produção, no momento, ainda são muito preliminares e sujeitas a revisões significativas.
Além disso, projeções de lavouras de inverno, como trigo, aveia e triticale, têm pouco significado nesta fase. Por algum tempo, os autores das estimativas aceitam como hipótese a repetição dos números de um ano para outro. Condições de tempo e de mercado poderão fazer muita diferença até o meio do primeiro semestre do próximo ano, quando os produtores planejarão o plantio de inverno. A produção de trigo desta temporada por enquanto está estimada em 7 milhões de toneladas.
No momento, as projeções apontam aumento das produções de soja, amendoim, arroz e mamona, e diminuição das colheitas de algodão, feijão e milho. Mesmo com alguma redução da oferta, as condições de abastecimento deverão ser satisfatórias e os preços internos continuarão, em boa parte, influenciados pela evolução das cotações internacionais.
As cotações de vários produtos caíram, neste ano, e isso afetou a receita de exportação do agronegócio. Apesar dos preços em queda, soja e derivados permaneceram como principais componentes da pauta comercial do setor.
De janeiro a outubro, os embarques do complexo soja proporcionaram receita de US$ 30,23 bilhões, 3,5% maior que a de um ano antes. As vendas de soja em grão renderam US$ 23,12 bilhões, 3% mais que de janeiro a outubro de 2013, embora o preço médio tenha diminuído 4,4%. O aumento de 7,8% na quantidade embarcada mais que compensou a baixa da cotação. Movimentos semelhantes ocorreram nas exportações de outros produtos, mas em alguns casos houve perda tanto no volume quanto no preço. Até o mês passado, o agronegócio faturou com a exportação US$ 83,86 bilhões, 3% menos que um ano antes. Mesmo com preços em queda, o setor se manteve como fator de segurança para as contas externas, atenuando os efeitos do fracasso da política industrial.
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