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O aperto do crédito para as empresas

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Por Redação
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As operações de crédito aumentaram 0,4% entre março e abril, segundo o Banco Central. Apenas aparentemente foi um bom resultado, pois os empréstimos às pessoas físicas cresceram 1,1%, mas os destinados às pessoas jurídicas caíram 0,1% - um sinal negativo do ponto de vista da recuperação econômica. A relação entre o volume de crédito e o PIB passou de 42,5%, em março, para 42,6%, em abril, mostrando desaceleração do ritmo de crescimento em relação a 2008. Entre dezembro de 2007 e abril de 2008, o crédito cresceu 1,6 ponto porcentual do PIB (+4,6%), e apenas 1,3 ponto porcentual do PIB (+3,1%) entre dezembro de 2008 e abril de 2009. O crédito às pessoas físicas foi estimulado pelas operações consignadas, que cresceram 3,5% no mês, e pelas de crédito imobiliário (+2,6% no mês e +40,4% em relação a abril de 2008). Com a queda dos juros básicos e o aumento da oferta de crédito a prazos dilatados, o normal seria uma forte redução de juros no crédito ao consumo. Mas o custo médio das operações com as famílias teve queda homeopática: de 50,1% ao ano para 48,8% ao ano. Nesses empréstimos, o spread bancário (diferença entre taxas pagas aos aplicadores e cobradas dos devedores) declinou 1,3 ponto porcentual, de 39,8% para 38,5% ao ano. Em relação a dezembro de 2008, o spread dessas operações caiu mais - 6,5 pontos porcentuais. Quanto ao crédito às empresas, a deterioração é evidente. A inadimplência em prazos superiores a 90 dias aumentou em todas as modalidades (hot money, desconto de duplicatas e promissórias, capital de giro e conta garantida): foi de 2,6%, em março, para 2,9%, em abril. Diminuiu o prazo médio dos empréstimos, de 310 dias, em outubro, para 273 dias, em abril. As operações com recursos externos caíram 5%, no mês, e 9,7%, no ano. Desde novembro, diminuíram em R$ 10,7 bilhões. E o spread bancário nas operações com pessoas jurídicas subiu 0,3 ponto porcentual - de 18%, em março, para 18,3%, em abril. Dados dessazonalizados, calculados pela consultoria LCA, indicam recuo do fluxo de crédito às empresas de 5,5%, entre os meses de abril de 2008 e de 2009, e de 7,7%, em 12 meses, em relação aos 12 meses anteriores. Generaliza-se a percepção de escassez de crédito, agravada por renegociações de compromissos ou inadimplência de consumidores. Se a situação das empresas se agravar, poderão ser afetados o emprego e, afinal, o crédito às pessoas físicas.