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O aumento dos bloqueios

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Por Redação
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Um ano depois de a CET restringir o espaço urbano para os caminhões, cerca de 100 mil deixaram de circular diariamente pelas Marginais do Pinheiros e do Tietê e pelas vias do centro expandido da cidade. Os congestionamentos, no entanto, continuam altos e não diminuíram os bloqueios de ruas provocados por carretas quebradas e acidentadas. Antes daquela restrição, 15% dos veículos que rodavam nos horários de pico eram caminhões, mas ocupavam 42% do espaço físico da malha viária. Diariamente, trafegavam, em média, nos 17 mil quilômetros de ruas de São Paulo, 5 milhões de automóveis, 240 mil caminhões, 41 mil ônibus, 9 mil lotações e 690 mil motocicletas. Portanto, o trânsito seria bem pior se a restrição não estivesse em vigor. Em meados de 2008 os caminhões foram proibidos de circular entre 5 e 21 horas na Zona Máxima de Restrição de Circulação (ZMRC), que passou de 25 km² para 100 km², e foi implantado o sistema de rodízio, semelhante ao de automóveis, para os veículos pesados. Na ocasião, o prefeito Gilberto Kassab deixou claro que eram medidas paliativas, até que o Trecho Sul do Rodoanel fosse entregue. Ou seja, era mais uma medida que, como o rodízio de automóveis, tem eficácia apenas durante um período, numa cidade onde a frota não para de crescer e a malha viária permanece praticamente a mesma. No primeiro mês, a CET registrou melhoria de 22% na fluidez do trânsito da capital paulista. Segundo os dados da companhia, 20% dos caminhões deixaram de circular em horário de pico nos corredores das Marginais e Avenida dos Bandeirantes. Nos primeiros 12 meses as restrições aos caminhões também contribuíram para aumentar a velocidade média dos ônibus em quase todos os corredores que cortam a zona de rodízio. A avenida que mais ganhou fluidez foi a Faria Lima, com aumento de mais de 55% na velocidade dos ônibus no sentido bairro-centro. Mas as medidas não deixaram de ser paliativas e seus bons efeitos vão diminuindo. É por isso que as estatísticas atuais mostram que a redução no número de caminhões circulando pela cidade em determinados períodos e em corredores de grande movimento não assegura um fluxo de trânsito em constante melhoria. Conforme cálculos de especialistas, uma hora perdida no congestionamento custa, em média, R$ 34,00 a um caminhão com 12 toneladas de carga e R$ 42,00 às carretas que transportam 28 toneladas. As empresas transportadoras encontram dificuldades para coordenar a passagem dos seus veículos por São Paulo, em obediência às novas regras. As entregas na cidade ainda podem ser programadas de acordo com o rodízio, mas, no caso dos transportes de longas distâncias, que comportam muitas variáveis, é difícil conciliar a passagem do caminhão pela capital com as posturas municipais. Por isso, muitas empresas e caminhoneiros autônomos optam por circular em vias que estão fora da fiscalização da CET e que não suportam o tráfego pesado. Isso aumenta os casos de bloqueios como está sendo registrado agora pelas estatísticas. Somente em maio, 2.718 caminhões pararam de funcionar em meio ao tráfego, 128 por problemas de excesso de altura em relação à rede elétrica dessas ruas secundárias. No total, foram registradas 152 ocorrências no mês de maio com veículos de carga, entre tombamentos, acidentes com carga perigosa, queda de carga na pista, entre outros. A cada ocorrência, há um bloqueio até a chegada dos agentes da CET, a retirada do veículo e da carga. O impacto nas condições do trânsito é grande. Em vias de movimento acentuado, uma faixa bloqueada por 15 minutos provoca congestionamento de 3 quilômetros. Portanto, o início da operação dos 61,4 quilômetros do Trecho Sul do Rodoanel, que unem a Rodovia Régis Bittencourt, na zona oeste da Grande São Paulo, à Avenida Papa João XXIII, em Mauá, é a solução ansiosamente esperada para a melhoria do tráfego pesado na cidade. A nova via deverá retirar da Marginal do Pinheiros e da Avenida dos Bandeirantes mais de 350 mil veículos por dia, sendo boa parte caminhões.