07 de janeiro de 2016 | 04h00
Brasil, Venezuela e Equador – este com peso muito menor – puxam para baixo a média de crescimento da América do Sul. A maior parte da região continua a avançar, embora mais lentamente que nos dez anos anteriores, mas, segundo as estimativas do banco, o PIB sul-americano diminuiu 2,1% em 2015 e deve diminuir mais 1,1% em 2016. A média regional só se tornará novamente positiva, com expansão de 1,7%, no próximo ano. Embora modesto, esse número é maior que o estimado para o Brasil.
Num cenário sem brilho, mas animador, a economia global deve continuar em recuperação, com crescimento previsto de 2,9% neste ano e 3,1% em cada um dos seguintes. A expansão de 2015 foi calculada, ainda provisoriamente, em 2,4%. A aceleração deve ser liderada neste ano pelos países mais desenvolvidos, com taxas previstas de 2,7% para os Estados Unidos, 1,7% para a zona do euro, 1,3% para o Japão e 2,4% para o Reino Unido. O ajuste chinês ao novo estilo de crescimento continuará e a expansão da China deverá ficar em 6,7%, pouco abaixo do ritmo estimado para o ano anterior, 6,9%. A Índia, nova estrela entre os mais dinâmicos, deverá crescer 7,8% neste ano.
Os sul-americanos, afetados pela redução dos preços das commodities, devem avançar menos que outros emergentes. Uma recomendação dirigida a todos pelos autores do relatório é buscar a diversificação econômica e reduzir a dependência do comércio de produtos básicos. Também o Brasil tem sido prejudicado pela depreciação dos básicos, mas sua economia é muito mais diversificada que a da maior parte dos vizinhos. A situação de suas contas públicas, no entanto, é muito pior, e a inflação é muito maior. O governo brasileiro tem menos espaço, portanto, para políticas de estímulo. Não poderia ser diferente, porque os problemas brasileiros, como deixa claro o relatório, são principalmente internos. “Desde 2013 tem diminuído o investimento no Brasil, por causa da perda de confiança dos investidores, exacerbada em 2015 pela ampliação das investigações do escândalo da Petrobrás”, segundo o documento. Também contribuíram para esse efeito o aperto monetário e fiscal, a aceleração da inflação e as preocupações com os crescentes déficits fiscais, acrescenta o relatório. Continua pesando a incerteza política, “enquanto o governo enfrenta no Congresso obstáculos à austeridade fiscal”.
Não há, portanto, segurança quanto à recuperação econômica a partir de 2017. Os autores da projeção admitiram como pressupostos a contenção das expectativas inflacionárias, a redução do déficit fiscal e, portanto, a necessidade menor de aperto na política monetária e no orçamento. Os autores ainda levaram em conta a renovação da Assembleia venezuelana e uma possível mudança, “muito gradual”, para um ambiente econômico mais forte e mais propício aos negócios. Aposta igualmente otimista foi feita em relação ao novo governo argentino e à sua propensão à austeridade monetária e fiscal. No caso do Brasil, o relatório nem sequer apresenta uma novidade política para justificar o otimismo quanto ao ajuste. Nesse ponto, a aposta mais parece jogo de azar.
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