11 de agosto de 2015 | 03h00
Analistas internacionais, no entanto, acrescentam um detalhe negativo a esse panorama já muito ruim. O Brasil continuará perdendo participação na atividade global, porque as economias mais importantes continuam bem mais dinâmicas e com melhores perspectivas de expansão.
O mais novo cenário, com perspectivas favoráveis para a maior parte dos países desenvolvidos e boa parte dos emergentes, foi divulgado ontem pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A China é uma das exceções e esse é um dado especialmente ruim para o Brasil, muito dependente do mercado chinês para suas exportações de produtos básicos.
O impulso de crescimento deve permanecer estável neste semestre na Alemanha, no Japão e na Índia, ganhar força na França e na Itália e também na média dos países da zona do euro. Deve diminuir no Reino Unido, nos Estados Unidos, na China e no Brasil. As projeções são baseadas nos chamados indicadores antecedentes, dados normalmente usados para a identificação de tendências, como as condições de crédito, a confiança dos consumidores e a evolução dos investimentos.
Mesmo com alguma acomodação, os Estados Unidos e o Reino Unido continuarão entre os países desenvolvidos com melhor desempenho. As condições da Rússia devem permanecer constantes, mas num ritmo abaixo da tendência de longo prazo. As dificuldades da Rússia – com perspectiva de recessão neste ano – estão associadas à baixa dos preços do petróleo, principal produto de exportação, e às sanções impostas pelas grandes potências ocidentais por causa do conflito com a Ucrânia.
Na China, ainda com perspectiva de crescimento acima de 6% neste ano, vários indicadores pioraram nos últimos meses. Segundo as mais novas informações sobre o comércio, posteriores à última avaliação da OCDE, as exportações de julho foram 8,3% menores que as de um ano antes. Sobre a mesma base, as importações diminuíram 8,1%.
No caso do Brasil, como no da China, os últimos indicadores coletados, ainda de junho, apontaram, segundo o informe da OCDE, um enfraquecimento mais grave que o estimado anteriormente. A perda de impulso da economia brasileira, depois de quatro anos de baixo dinamismo, é explicável principalmente por fatores internos. Mas a perda de ritmo da China também produz efeitos importantes no Brasil. Esses efeitos sã0 visíveis nas contas externas do último ano e, muito especialmente, nas de janeiro a julho de 2015.
Nesse período, as vendas brasileiras para a China, de US$ 22,58 bilhões, foram 19,4% menores, pela média dos dias úteis, que as dos sete meses correspondentes de 2014. A redução foi bem maior que a do valor médio da exportação, de 15,5%. A receita geral proporcionada pelos produtos básicos, de US$ 56,06 bilhões, ficou 21,7% abaixo da obtida de janeiro a julho do ano passado. Produtos básicos formaram 85,1% das vendas para o mercado chinês, neste ano, proporção muito parecida com a de todo o ano passado, de 84,4%. O acúmulo de erros da política industrial e da diplomacia comercial petista impede o Brasil de aproveitar plenamente a recuperação das economias desenvolvidas e o mantém numa perigosa dependência da China.
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