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O comércio exterior se modifica

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Por Redação
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O comércio exterior em julho, pela média por dia útil, teve redução de 18,7% das exportações e crescimento de 4 % das importações em relação a junho, o que resultou numa redução de 43,2% do saldo da balança comercial. Esse resultado representa uma deterioração ante o quadro dos sete primeiros meses do ano, com uma redução de 23,8% das exportações, menor do que a queda das importações (29,9%) e com um saldo da balança comercial 16,4% superior ao do mesmo período de 2008. Essa importante mudança registrada em julho pode ser atribuída à valorização da taxa cambial, que levou a indústria nacional, mais otimista, a elevar ligeiramente suas importações de bens de capital (0,4%) e especialmente de matérias-primas e de produtos intermediários (6,7% em relação a junho) - esses produtos tiveram participação de 46,6% no total dos bens importados nos sete primeiros meses do ano. O câmbio teve uma influência determinante na modificação do quadro do comércio exterior em julho, mas outros fatores também continuam exercendo forte pressão sobre a atividade. Isso aparece mais nitidamente quando se levam em conta os resultados acumulados no ano. Naturalmente as exportações sofreram os efeitos da crise mundial. Isso se verifica pela queda das exportações, de 48% para os EUA, de 35,5% para a América Latina e de 28,8% para a União Europeia. Neste sentido, a valorização do real ante o dólar só podia contribuir para uma queda maior das exportações. As exportações de produtos básicos, que respondem por 42,6% das vendas externas, refletem a queda dos preços desses produtos, essencialmente dependentes da demanda da China - que ainda não fixou o preço do minério de ferro -, o que explica a queda de 10,6% de janeiro a julho. Mas problema mais preocupante é a queda de 31,1% das exportações de produtos manufaturados, o que explica a lentidão da recuperação da indústria nacional. O maior problema é a redução das exportações dos produtos de alta tecnologia, que, no primeiro semestre de 2001, chegaram a representar 11,8% das exportações e caíram para 6,3% neste ano. O mesmo se verifica no caso de média-alta tecnologia ( 21,7% e 17,3%, respectivamente), enquanto a participação de bens de baixa tecnologia ficou relativamente estável (28,8% e 28,1%). Há também os efeitos negativos da política externa: as exportações para a Argentina caíram 35,5% este ano.