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O Copom deliberando sob pressão

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Por Redação
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Amanhã o Comitê de Política Monetária (Copom) fixará a taxa Selic num clima de pressões - pressão política do governo, mas, muito mais importante, pressão dos fatos, que o levará a mostrar-se mais flexível. Dentro de uma visão ortodoxa da economia, deve-se reduzir de 12,75% para 11,75% a taxa básica. Há quem se mostre mais otimista, admitindo que a Selic pode cair para 11%. A maior pressão deve vir do governo que, à luz da queda da arrecadação, achará plenamente justificada uma boa redução da Selic, pois, segundo os seus cálculos, se essa taxa chegasse a 9,75% até junho traria uma economia de R$ 23 bilhões no pagamento dos juros em 2009. É muito improvável uma queda de tal ordem, neste momento, mas, sem dúvida, alguma redução se verificará. A pesquisa Focus mostrava ontem que o mercado previa uma taxa Selic de 10,967% no final de 2009. Quando o Copom se reunir para tomar sua decisão, já terá à sua disposição o valor do PIB do quarto trimestre de 2008 mostrando o forte recuo da atividade econômica no final do ano passado, e terá de levar em conta a previsão da Focus de aumento de apenas 1,2% no PIB neste ano e também da produção industrial, que em uma semana passou de crescimento de 1,26% para queda de 0,04%, levando em conta o resultado de janeiro, que foi pior do que se imaginava. As previsões de inflação, medida pelo IPCA, continuam favoráveis: para 2009 passaram, segundo a pesquisa Focus, de 4,66% para 4,57%, em uma semana. No mercado futuro, a taxa de juros para janeiro de 2010 continua baixando em razão das expectativas dos investidores. A questão é saber se o Banco Central, diante dessas informações, vai aceitar uma queda maior da Selic. Seu presidente, Henrique Meirelles, deixou claro que, se até agora a economia brasileira se comporta melhor que as de outros países, é em razão da firmeza na condução da política monetária. Continua considerando que cabe ao Copom tomar suas decisões em virtude da meta de inflação e não apenas das flutuações da conjuntura. O Copom está certamente preparado para ajudar o governo a conduzir sua política anticíclica, mas continuará examinando a evolução da inflação sempre de olho no pós-crise, quando terá de enfrentar graves problemas. Nesse sentido, o melhor é prever que o Copom continuará na sua política de redução progressiva da Selic, preferindo agir para reduzir o spread dos bancos.