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O crescimento do PIB paulista

A recuperação é consistente e vem ganhando velocidade, mostram dados da Fundação Seade

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Por Redação
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Foi expressivo o crescimento de 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de São Paulo aferido pela Fundação Seade, mas a conclusão mais relevante que se pode extrair dos relatórios sobre o desempenho da economia paulista no ano passado que a instituição acaba de divulgar é a de que a recuperação é consistente e vem ganhando velocidade.

Desde os últimos três meses de 2016, é nitidamente ascendente a curva da taxa de crescimento do PIB acumulado de quatro trimestres na comparação com os quatro trimestres anteriores. De uma redução acentuada de 2,2% no último trimestre de 2016, a queda se reduziu para 1,2% e 0,7% nos dois trimestres seguintes; já no terceiro trimestre do ano passado o PIB paulista acumulado de 12 meses teve pequeno crescimento, de 0,2%, resultado que se intensificou nos meses seguintes, para fechar o ano com expansão de 1,6%.

Os dados da Fundação Seade foram apresentados em dois relatórios, um contendo a variação do PIB mês a mês e o outro com o PIB trimestral. No relatório mensal, o gráfico da recuperação da economia do Estado de São Paulo mostra com grande clareza a regularidade com que os resultados melhoram. 

O PIB acumulado em 12 meses até dezembro de 2016, por exemplo, era 2,2% menor do que o dos 12 meses anteriores. A queda se reduziu de maneira contínua até agosto do ano passado, que ainda registrou variação negativa, de -01,%. A partir daquele mês, começam os resultados positivos e crescentes: expansão de 0,2% em setembro, de 0,8% em outubro, de 1,1% em novembro e de 1,6% em dezembro. A constância dessa evolução pode ser o início de uma tendência que, se se confirmar, levará a uma expansão bem mais expressiva do PIB de São Paulo neste ano. Com o peso que a economia paulista tem na produção brasileira (responde por cerca de um terço do PIB brasileiro), esse desempenho influirá no resultado nacional.

Também reforça essa tendência a evolução, no ano passado, do resultado do PIB trimestral do Estado de São Paulo na comparação com igual período do ano anterior. De uma redução de 1,8% no último trimestre de 2016 em relação ao resultado de 12 meses antes, o resultado passou para uma expansão de 3,9% no último trimestre de 2017.

Os dados da Fundação Seade mostram, porém, que embora a evolução da economia paulista seja firme e persistente, o resultado por setores tem sido desigual. Há alguns que crescem, e com grande velocidade, e outros que continuam estagnados ou até encolhem. A agropecuária, por exemplo, que em anos anteriores evitou o agravamento da crise em São Paulo e em outros Estados produtores, encolheu 0,3% no ano passado. A indústria extrativa mineral, ao contrário, teve uma notável expansão de 13,2%, enquanto a indústria de transformação – o segmento mais afetado pela recessão – cresceu 3,1%.

O setor de construção civil, importante por seu peso na economia em geral e sobretudo por seu papel como gerador de empregos, teve queda de 5,7%. Refletindo a recuperação, ainda inicial e lenta, do nível de emprego e da renda real das famílias, o comércio e os serviços de manutenção e reparação tiveram crescimento de 2,5% no Estado de São Paulo no ano passado. Resultado da retomada do crescimento, o recolhimento de impostos, excluídos os subsídios, aumentou 2,4%.

Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a agropecuária responde por 7,2% do PIB brasileiro; a indústria, por 22,7%; e os serviços, por 70,1%. Já o PIB paulista tem peso menor da agropecuária e maior do setor de serviços, que, nas economias mais avançadas, vem aumentando seu peso relativo. Em 2016, a agropecuária respondeu por 1,9% do valor adicionado da economia paulista; a indústria, por 21,3%; e os serviços, por 76,8%. No ano passado, o peso da agropecuária caiu para 1,4%, o da indústria subiu para 22,5% e o dos serviços caiu para 76,1%.