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O debate sobre estatização dos bancos

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Por Redação
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A nacionalização dos bancos se tornou o centro das discussões nos EUA, e a principal consequência foi a forte queda no índice Dow Jones na segunda-feira. Somente as declarações do presidente do Fed (o banco central norte-americano), Ben Bernanke, permitiram uma recuperação, na terça-feira, do preço das ações das instituições financeiras nos EUA. Ontem foi o presidente Barack Obama que interveio no debate: "Eu sei o quanto é impopular ajudar os bancos agora, especialmente quando todos estão sofrendo, em parte por causa de suas más decisões." Prometeu agir com "força plena" para garantir que os bancos tenham dinheiro suficiente para emprestar, o que deve custar mais do que os US$ 700 bilhões do Programa de Alívio de Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês). Obama não quis, porém, entrar no debate para esclarecer se as necessidades de crédito levariam ou não à nacionalização de algumas instituições financeiras. De fato, a questão não pode ser levada para o terreno ideológico. O próprio presidente do Fed foi prudente ao considerar que os testes que vão ser realizados na próxima semana provavelmente não resultarão em qualquer estatização integral de um grande banco. O problema é saber se existem alternativas. O governo americano considera que existem. Já está impondo algumas restrições aos bancos que ajudou. Não poderão distribuir dividendos enquanto estiverem em situação crítica, por exemplo. E os diretores do Fed informaram aos executivos do Citigroup que o "direito de observadores" lhes permite participar de reuniões do conselho do banco. Diante do pedido do Citi por nova ajuda, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, deixou no ar a possibilidade de o governo converter em ações com direito a voto as ações preferenciais que detém no grupo, sem com isso estatizar o banco. Não é apenas nos EUA que a saída por meio da estatização dos bancos está colocada de público. Alguns países da Europa já optaram por essa solução, embora seja muito difícil estabelecer um preço para alguns ativos duvidosos. Sabe-se que, nas mãos dos governos, os bancos podem se transformar em instrumento político. É sabido, por exemplo, que o Banco do Brasil, por ter acionistas privados, não cedeu até agora à pressão do governo para reduzir substancialmente suas taxas de juros. Esse já não é o caso da Caixa Econômica, dominada pelo setor público.