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O FGC atenua a crise de crédito

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Por Redação
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O Fundo Garantidor de Crédito (FGC), criado em 1995 como um seguro para aplicações financeiras, investiu R$ 4 bilhões na compra de carteiras de bancos de médio porte em 2008 e, neste ano, mais R$ 985 milhões em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de instituições com capital inferior a R$ 2,5 bilhões. O FGC amplia, assim, seu papel original, tornando-se um instrumento valioso de apoio ao crédito, amenizando o problema de liquidez em momentos de escassez de recursos. Os casos de intervenção ou liquidação de bancos foram poucos, desde 1997, por isso o patrimônio do fundo cresceu e a contribuição dos sócios pôde ser reduzida à metade, em 2006, de 0,025% para 0,0125% dos depósitos à vista, depósitos a prazo e contas de poupança. A garantia é de até R$ 60 mil por aplicador. O FGC passou a dispor de um patrimônio da ordem de R$ 25 bilhões. "Crise é crise, nunca se sabe quanto vai ser necessário", disse o diretor-executivo do fundo, Antonio Carlos Bueno de Camargo Filho, ao jornal Valor. Conhecendo de perto as instituições financeiras, o fundo pode adquirir créditos de qualidade. Foi o que fez em 2008, como exemplo de fundo privado capaz de contribuir para a política pública. Desde janeiro, o FGC passou a comprar CDBs dos bancos, mas com a condição de que o dinheiro seja aplicado em operações de crédito. O CDB adquirido tem o mesmo prazo dos empréstimos aos clientes, 24 meses ou 48 meses, e estes créditos são dados em garantia ao FGC. O fundo dispõe de R$ 9,5 bilhões para aplicar nesta modalidade e são 28 as instituições interessadas, 16 das quais já venderam CDBs ao fundo. Há vários fundos de garantia dos depositantes no mercado mundial, mas o FGC é o único que não é controlado pelo governo. Tem um quadro de pessoal enxuto e contrata consultores quando precisa de orientação sobre temas específicos. Seu congênere norte-americano, o Federal Deposit Insurance Company (FDIC), tem 27 mil funcionários. O governo está anunciando a criação de fundos garantidores públicos para administrar - e tentar evitar - casos de inadimplência das operações de crédito e para assegurar a quitação de prestações de mutuários do sistema habitacional que fiquem desempregados. A experiência do FGC pode ser muito útil e até evitar o surgimento de organismos burocratizados, cabides de emprego que sempre proliferam na administração pública em lugar de modelos baseados na qualificação profissional e na eficiência.