
19 de fevereiro de 2013 | 02h09
O valor investido entre 2013 e 2016 será 28,9% maior que o aplicado entre 2008 e 2011, segundo projeção do BNDES. Os números de 2012 ficaram fora da comparação. A maior parcela dos novos investimentos (R$ 1,03 trilhão) será destinada à indústria, de acordo com as projeções, e ficará 22% acima da contabilizada entre 2008 e 2011. O segundo maior valor (R$ 489 bilhões) será aplicado na infraestrutura, mas a expansão, de 36,2%, será bem mais acentuada. O total previsto para serviços (R$ 217 bilhões) também terá um aumento considerável de 36,7%.
Ao estabelecer suas estimativas, os técnicos do banco levaram em conta as consultas dirigidas à instituição e as novas aprovações de projetos. Os cálculos podem parecer, portanto, bem fundamentados, mas com certeza incluem uma dose razoável de otimismo quanto à eficiência do setor público e à disposição dos empresários privados.
A ação do governo é duplamente importante para a evolução dos investimentos. Primeiro, porque o próprio setor público é responsável por uma grande parcela da formação de capital fixo, por meio de projetos de infraestrutura realizados diretamente ou em parceria com o setor privado. E a ineficiência do governo tanto na realização de investimentos quanto na mobilização de recursos privados é notória. Segundo, porque a ação governamental dificulta a ação das empresas, com excesso de burocracia, tributação mal orientada e sinais pouco claros a respeito dos rumos de sua política.
Mesmo os incentivos são em geral medidas de efeito limitado, por serem mal dirigidos e pouco articulados com ações amplas de política econômica. Estímulos temporários e parciais ao consumo são um exemplo de ineficiência: favorecem as vendas durante algum tempo, mas são insuficientes para gerar confiança na evolução dos negócios a médio prazo. O sistema tributário continua ruim, mesmo com algumas desonerações parciais, e é um dos vários fatores determinantes da baixa produtividade geral da economia.
Pequenos aumentos na taxa de investimento, isto é, na relação entre o valor investido e o PIB, serão celebrados pelo governo a cada ano como vitórias, mas pouco afetarão a capacidade de crescimento do País.
Os técnicos do governo fariam bem se refletissem um pouco mais sobre os dados do próprio BNDES. No ano passado, o banco desembolsou R$ 156 bilhões. Descontada a inflação, esse valor foi 5,4% maior que o de 2011, um resultado aparentemente positivo. Mas, pelo mesmo critério, o dinheiro desembolsado em 2012 foi menor que os totais liberados em 2009 (R$ 164 bilhões) e 2010 (R$ 190 bilhões).
Em todos esses anos o Tesouro transferiu grandes somas ao BNDES para financiar projetos empresariais, mas o resultado global foi um fiasco indisfarçável. Será muito fácil, e errado, atribuir o problema à crise externa. Um pouco de autocrítica, para variar, será muito saudável.
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