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O mercado mais pessimista...

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Por Redação
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Com o que aconteceu no mercado cambial e bolsista anteontem, em razão da previsão pessimista do Banco Mundial para a economia, não se deu muita atenção ao Focus-Relatório de Mercado divulgado no mesmo dia pelo Banco Central (BC), em geral mais pessimista. Não é só o Banco Mundial que prevê uma queda do PIB brasileiro em 2009. O relatório Focus estima uma redução de 0,57%. Um mês antes, limitava essa queda a 0,53% e, na semana anterior, a 0,55%. Essa revisão do PIB parece se justificar com base no desempenho da produção industrial, cuja queda é estimada em 4,75%, ante 4,26% um mês atrás. Os analistas do mercado parecem considerar que a redução dos incentivos fiscais e a queda da renda contribuirão para isso. Não parece que a queda da produção industrial possa ser atribuída a uma redução do saldo da balança comercial, que há um mês estava previsto em US$ 20 bilhões e, agora, em US$ 20,8 bilhões - isso apesar de uma taxa cambial que, segundo a previsão atual, deve fechar o ano em R$ 2, ante os R$ 2,18 que se antevia um mês atrás. O mercado revisou sua previsão de crescimento da taxa de inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que era de 4,33%, para 4,40%, no final do ano, porém ainda abaixo da média buscada pelo Banco Central (4,5%). As instituições financeiras que até agora mais acertaram nas suas previsões de inflação (os chamados Top 5) estimam em 4,52% o IPCA no final do ano. Apesar de uma inflação ligeiramente maior, o mercado estima que a taxa Selic estará em 8,75% no final do ano, o que deve ocorrer já em julho, isto é, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). É uma revisão das expectativas de quatro semanas atrás que previam a Selic em 9% .Tudo indica que a surpreendente decisão do Copom na sua última reunião convenceu o mercado de que as autoridades monetárias estão, de fato, buscando uma taxa básica mais próxima da média internacional. O Banco Central, segundo o mercado, terá dificuldades no próximo ano em manter essa política: estima-se que no final de 2010 a Selic, apesar de um IPCA menor (4,30%), estará em 9,25%, mais alta do que em 31 de dezembro deste ano. Essa é uma previsão que se justifica por causa das pressões por maiores transferências governamentais num ano de eleição, que aumentarão o déficit público e que o BC procurará neutralizar com juros maiores.