
03 de maio de 2015 | 02h07
A esse porcentual do consumo exclusivo por jornal impresso somam-se 11% que o fazem no papel e no computador e outros 11% que o leem em todas as plataformas. Apenas 5% leem os jornais exclusivamente em dispositivos móveis (tablets e smartphones). Ou seja, de cada 10 leitores de jornais, mais de 8 leem o jornal impresso.
O estudo também aponta o crescimento do acesso digital por meio de celulares e tablets. Em 39 dos 50 maiores sites norte-americanos, o acesso por meio de um dispositivo móvel supera o acesso via computador. Nos sites jornalísticos, esse porcentual é ainda maior. Para 19 dos 25 sites de jornais (e aplicativos associados) de maior tráfego, o uso por dispositivos móveis foi ao menos 10% maior que o acesso por computadores (desktops ou laptops). Em cinco jornais, os números foram próximos, com uma diferença de menos de 10% entre os dois. E em apenas um - o jornal Houston Chronicle - o acesso por computador foi responsável por mais visitas que o acesso móvel.
Em 2014 - ano ao qual a pesquisa se refere -, comprovou-se mais uma vez que a audiência digital dos jornais superou em muito a sua circulação. Por exemplo, num período de um mês, o jornal New York Times teve uma circulação média de 650 mil exemplares impressos contra 1,4 milhão de assinaturas digitais e 54 milhões de visitantes únicos do site e de aplicativos relacionados ao jornal.
O Pew Research Center entende que os dados do New York Times, por exemplo, não contradizem os resultados sobre o consumo de mídia impressa. Eles mostram diferentes tipos de consumo de informação jornalística. Para o estudo, uma coisa é a leitura do jornal - na qual continua a prevalecer a mídia impressa -, outra é o consumo pontual de uma notícia; por exemplo, acessar um link de um jornal compartilhado por um amigo. Ainda que parte do conteúdo seja comum, o importante é reconhecer que são tipos de consumo diversos, com impactos muito díspares e públicos de perfis diferentes. Nesse sentido, o State of The News Media 2015 confirma que os dados demográficos gerais de leitores de jornais se mantêm: quem tem maior grau de escolaridade ou renda está mais propenso a ler jornal.
Além do aumento do uso de dispositivos móveis, houve também um significativo crescimento da "social web" (as redes sociais), o que - segundo o estudo - tem transformado a dinâmica do fluxo de informação. Por exemplo, o relatório destaca que, entre os adultos norte-americanos que usam a internet, quase a metade recebe semanalmente na sua conta do Facebook alguma notícia sobre política ou governo. Aqui, o estudo chama a atenção para o fato de que essa dinâmica da informação não é apenas influenciada pelos amigos - a força do compartilhamento entre conhecidos -, mas também pelos algoritmos que as redes sociais utilizam para determinar o que vai receber destaque na tela de cada um. A superabundância de informação e de compartilhamento entre os amigos leva a que o ambiente das redes sociais não seja totalmente neutro, exigindo que os administradores das redes sociais, com os seus algoritmos, definam a hierarquia da informação.
Conforme o State of The News Media 2015 - que também abarca outras mídias, como televisão, rádio e revista -, a tecnologia vem ampliando oportunidades, com a informação disponível em mais plataformas. E isso é extremamente positivo. Mas também indica que o decisivo não é a novidade em si, mas a preferência do usuário. O estudo alerta que "as plataformas tradicionais de maneira nenhuma foram abandonadas". O papel resiste. O papel ainda faz muitos leitores felizes.
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