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O prestígio das universidades

Além da USP, outras quatro universidades brasileiras conseguiram permanecer entre as 100 com maior reputação acadêmica entre os países emergentes

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Por Redação
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As universidades brasileiras voltaram a cair nos levantamentos comparativos promovidos pela conceituada publicação britânica Times Higher Education (THE), que em 2018 avaliou 350 instituições de ensino superior de 42 países emergentes. Até a Universidade de São Paulo (USP), apesar de ter continuado a ser a mais importante da América Latina, perdeu posição. Depois de ter ficado em 13.° lugar em 2017, ela caiu para o 14.° lugar neste ano. Foi a segunda vez que a USP ficou fora da lista das dez melhores. As primeiras posições foram ocupadas pelas universidades chinesas de Pequim e de Tsinghua.

Além da USP, outras quatro universidades brasileiras conseguiram permanecer entre as 100 com maior reputação acadêmica entre os países emergentes. A Universidade Estadual de Campinas ficou no 33.° lugar, seguida pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (61.°), pela Universidade Federal de São Paulo (92.°) e pela Universidade Federal de Itajubá (98.°). Instituições tradicionais, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal de Minas Gerais foram classificadas na 131.ª e na 150.ª posições, respectivamente. A terceira universidade pública paulista, a Universidade Júlio de Mesquita Filho, ficou no 162.° lugar. E uma das mais tradicionais universidades estaduais brasileiras, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que atravessa a pior crise financeira de sua história, registrou uma queda abrupta. Ela estava entre as 201 e 250 melhores e passou a ser classificada entre as 301 e 350 (o estudo não revela a posição de cada universidade depois do 200.° lugar).

Além de entrevistar milhares de professores, cientistas e pesquisadores que atuam no mundo acadêmico há pelo menos 18 an0s, a THE leva em conta vários indicadores de desempenho e reputação, como o orçamento de cada universidade, o grau de internacionalização, o ambiente de ensino, a capacitação do corpo docente, o número de títulos de doutor concedidos, o número de pesquisas e o volume de receitas delas decorrente, citações de artigos em periódicos de prestígio mundial e o nível de absorção, pelas empresas, das tecnologias inovadoras desenvolvidas em parceria com instituições de ensino superior.

A exemplo do que ocorreu com as universidades brasileiras, as demais instituições de ensino superior da América Latina, com poucas exceções, também perderam posição no levantamento da THE. Um dos motivos foi a queda na receita fiscal dos países latino-americanos causada pela crise econômica. Isso as impediu de investir na internacionalização de suas principais universidades, o que é uma iniciativa fundamental para aumentar o número de doutores premiados por mérito acadêmico e, por consequência, o número de publicações científicas com conselho de arbitragem.

Outro motivo foram as turbulências políticas na região, que dificultam o intercâmbio acadêmico entre as universidades latino-americanas e os principais centros de ensino de pós-graduação e desenvolvimento de ciência de ponta do mundo, nos Estados Unidos e na Europa. Sem universidades de nível global, que sejam competitivas internacionalmente, os países da América Latina enfrentam grandes dificuldades para crescer com base em inovação científica e tecnológica, afirmam os responsáveis pela pesquisa da THE.

A perda de posições das universidades brasileiras nos levantamentos comparativos de reputação acadêmica merece uma cuidadosa reflexão por parte das autoridades educacionais. Quando uma universidade é bem classificada, ela consegue atrair bons alunos e excelentes professores, o que amplia as fontes de financiamento para suas atividades de ensino e pesquisa. No entanto, quando perde posições, isso prejudica sua imagem, desestimula a procura de vagas por bons alunos e leva os melhores professores a buscarem colocações em instituições mais prestigiadas, o que acarreta menos oportunidades de obter financiamento nas agências de fomento e em organismos multilaterais.