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Os dados do Caged continuam ruins

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Por Redação
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Ao anunciar a abertura de 9,1 mil vagas no mercado formal, em fevereiro (+0,03% em relação a janeiro), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, fez previsões otimistas para este mês e para 2009: respectivamente, 100 mil e 1,5 milhão de postos com carteira assinada. É mais provável que se trate de puro wishful thinking - isto é, a autoridade tomou um desejo por realidade numa questão sensível. Os números de fevereiro são menos ruins se cotejados com os de janeiro, quando foram cortadas 101,7 mil vagas, ou com o período novembro de 2008 a janeiro de 2009, com supressão de quase 800 mil postos. Pode-se falar, assim, em acomodação do emprego no mês passado, o que não é satisfatório para o 1,5 milhão de brasileiros que ingressam anualmente no mercado de trabalho. Foi, de fato, o pior fevereiro desta década e o pior bimestre para o emprego. Em fevereiro de 2008 foram abertas 204,9 mil vagas. Em 12 meses, até o mês passado, a criação de empregos ainda foi expressiva (1,011 milhão de vagas), pois o saldo havia sido muito positivo até outubro de 2008. Mas agora já se trata do menor saldo em 12 meses, desde fevereiro de 2005 (1,473 milhão). No mês passado, a indústria cortou 56,4 mil vagas, sobretudo em material de transporte (automóveis, motocicletas, caminhões, etc.), metalurgia e mecânica. O número total de cortes foi semelhante ao do crescimento dos empregos no setor de serviços (57,5 mil). Mas, neste caso, 61% do aumento se deveu à oferta de vagas no ensino (35,3 mil), um fenômeno sazonal. Um dos únicos setores industriais que aumentaram a oferta de vagas foi a construção civil, com 2.842 vagas no mês e 14.166 no bimestre, depois dos cortes de 105 mil postos no último bimestre de 2008. Porcentualmente, foi o setor público o que mais empregou em fevereiro (+1,86% sobre janeiro): 14.491 vagas, sendo 9.392 no Estado de São Paulo, 2.685 em Santa Catarina e 1.427 em Minas Gerais. A Região Centro-Oeste abriu 19 mil vagas, sobretudo em Goiás e Mato Grosso, ante 8,9 mil no Sul e apenas 4,1 mil no Sudeste. Mas no Norte foram cortadas 6,2 mil vagas e no Nordeste, 16,6 mil. Este resultado, aparentemente, já reflete o fim das férias de verão, quando a economia local ganha alento com o turismo. Um dia antes do anúncio oficial do Caged, a previsão do Ministério do Trabalho era de aumento de 20 mil vagas formais em fevereiro, desmentida menos de 24 horas depois.