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Os delinquentes do MST

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Por Redação
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No momento em que o Movimento dos Sem-Terra (MST) em Brasília, com apoio de centrais sindicais, realizava manifestação de protesto em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), contra o que chamava de "tentativa de criminalização dos movimentos sociais no Brasil", a polícia de Marabá, no Estado do Pará, interrogava 12 militantes do MST que haviam sido presos, no sábado, com nove espingardas, um revólver e munição, acusados de prática de assalto e porte ilegal de armas. Eles estavam roubando dinheiro e objetos de valor de motoristas na Rodovia PA-150, no município de Eldorado dos Carajás, nas proximidades da Fazenda Barra Bonita, invadida pelo MST. Em Brasília os manifestantes bradavam, especialmente, contra o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, porque este, há pouco tempo, afirmara que é ilegítimo repassar dinheiro público para movimentos que promovem invasões de terra e outros tipos de violência. Em Eldorado dos Carajás, os militantes emessetistas haviam acabado de provar, com seus atos, que o ministro Mendes tem inteira razão. É verdade que tanto em Brasília como no Pará os militantes emessetistas não estiveram sozinhos - mas aí havia diferenças: no protesto em Brasília, sob o lema "trabalhador rural não é marginal", o MST contava com o apoio de centrais sindicais, sindicatos e associações civis, com direito a "abraço simbólico" da sede do STF. Já em Marabá, em episódios simultâneos aos assaltos na estrada, o MST disputava com "movimentos sociais" concorrentes - como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará (Fetagri) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) - espaços na fazenda invadida Barra Bonita, pertencente à Agropecuária Santa Bárbara, do banqueiro Daniel Dantas. Os três grupos estão em conflito porque disputam as residências dos funcionários da fazenda expulsos por ocasião da invasão. Segundo informações dos administradores da fazenda, os invasores roubam e matam gado e também roubaram um caminhão para utilizá-lo no transporte das estacas de demarcação da propriedade, que estão arrancando. E assim mesmo protestam, em Brasília, contra os que dizem que suas atividades ilegais não permitem que recebam financiamento com recursos públicos. A propósito, matéria da Folha de S.Paulo, de domingo, dá conta de que as ONGs ligadas ao MST se multiplicam para receber verbas do governo federal e o valor investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que apura os repasses feitos para quatro dessas organizações, é três vezes maior do que o que se supunha. Desde 2003 o governo federal repassou R$ 152 milhões não para quatro, mas sim para nada menos do que 43 entidades ligadas ao MST. Supunha-se que os repasses indiretos de verbas públicas ao MST se dessem por meio de umas poucas cooperativas, só para que se tornasse "legal" o recebimento de dinheiro público por parte de uma entidade juridicamente inexistente. O MST, que já atua há muitos anos e é pioneiro no campo dos movimentos sociais de reivindicações fundiárias - tendo por bandeira principal a reforma agrária -, jamais quis ter existência formal porque esta implicaria obrigação de prestar contas de suas ações e das verbas recebidas. Sabia-se, há muito tempo, que esse movimento substituíra a bandeira fundiária original por outras, pseudoambientalistas - contra os transgênicos, contra o aperfeiçoamento genético de sementes e coisas do gênero (às vezes associado a movimentos internacionais, como o agressivo "Via Campesina"). Sabe-se, agora, que a entidade se tornou um rentável negócio - certamente no ramo dos negócios ilícitos - pela via do "aproveitamento" de verbas públicas. O ministro Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário, afirma que bloquear as verbas do governo para as ONGs ligadas ao MST seria "autoritarismo". Com isso não é preciso dizer mais nada para explicar, a quem quer que seja, a aberração que é o governo de Estado Democrático de Direito sustentar (pois é isto que faz) movimentos constituídos por foras-da-lei, que não hesitam em praticar crimes em série.