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Os limites da recuperação econômica

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Por Redação
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Existe certo consenso sobre o início de uma reativação da economia, com base em diversos fatores. Mas não se deve apostar em prosperidade explosiva, pois há limites que podem freá-la. Entre os fatores de otimismo está a generalizada melhora no plano internacional, embora o desemprego nas economias de maior porte não permita um efeito positivo imediato no crescimento da demanda. No caso brasileiro, o fato de a economia ter sido atingida só marginalmente pela crise permite sair dela mais rapidamente. Foi muito positivo o papel das autoridades monetárias brasileiras nessa recuperação ao reduzirem, no momento oportuno, a taxa de juros básica, com a inflação controlada e com as reservas internacionais, colocando o Brasil ao abrigo de crise do balanço de pagamentos. A atuação do governo foi também decisiva, embora suas intervenções não mostrem o mesmo valor positivo. Foi criado aumento de renda, mas nem sempre adequado no longo prazo. O melhor instrumento, representado pelos investimentos na infraestrutura, ficou mais nas intenções do que nas realizações, pela incapacidade do governo em administrar seu Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Houve um aumento das transferências governamentais - que deve continuar -, pelo aumento dos salários do funcionalismo, pela melhora do salário mínimo, dos benefícios do INSS e pela elevação dos gastos assistenciais, cujo inconveniente é que não se pode corrigir quando for necessário adotar uma política pós-crise. Os incentivos fiscais para o setor automobilístico, para produtos da linha branca e material de construção foram eficientes, mas poderão ter efeito negativo quando forem eliminados.Teria sido mais eficiente um alívio generalizado do ônus fiscal. Nos próximos meses, a demanda doméstica será sustentada pela conclusão de novos acordos salariais e pelas festas do fim do ano. Existe, no entanto, um limite para o crescimento da indústria. As exportações de produtos manufaturados, num clima de recuperação lenta da atividade, acompanhada por um crescimento do protecionismo e uma taxa cambial que se valoriza, continuarão difíceis. A melhora das exportações só se verificará para as commodities. A queda dos preços, na medida em que não toma a forma de deflação, ajuda também no revigoramento da demanda - com a esperança de que seja acompanhada de uma retomada dos investimentos privados.