
14 de outubro de 2013 | 02h05
A avaliação abrangeu 1.646 instituições em 17 áreas do conhecimento. Nas faculdades de Administração, o índice de reprovação foi de 36%. Nas faculdades de Direito, foi de 33%. A última avaliação dos cursos dessas áreas do conhecimento - que é realizada a cada três anos pelo MEC - ocorreu em 2009. A prova do Enade de 2013 será aplicada no dia 24 de novembro a cerca de 200 mil estudantes de 4.916 cursos das áreas de ciências de saúde e ciências agrárias. A USP, que sempre se recusou a participar do Enade, sob alegação de que a avaliação não é válida, pois muitos estudantes boicotam a prova, mudou de posição e pela primeira vez participará dela, em caráter experimental. Para tentar evitar o boicote, o MEC exigirá que os estudantes obrigados a fazer o teste permaneçam pelo menos uma hora na sala.
Embora a qualidade das universidades públicas continue acima da das instituições particulares, o Enade de 2012 mostrou um expressivo crescimento dos padrões de excelência no ensino superior privado. De todos os cursos públicos, privados e confessionais avaliados, os que obtiveram a melhor nota estão nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Das 17 áreas avaliadas, publicidade e propaganda é a única em que um curso do Nordeste - a Universidade Estadual do Piauí - lidera o ranking nacional.
Ao apresentar os números do Enade, o ministro Aloízio Mercadante anunciou que os cursos com conceitos 1 e 2 poderão ter os vestibulares suspensos. O resultado da avaliação, porém, não basta para que o MEC adote essa medida extrema. Os cursos reprovados só poderão sofrer sanções se forem reprovados por outro indicador, o Conceito Preliminar de Cursos (CPC), que será divulgado em novembro. Esse indicador, no qual os conceitos do Enade têm um peso de 55%, leva também em conta a infraestrutura das escolas e a qualidade do corpo docente.
Avaliações são importantes para a melhoria de qualidade do sistema educacional do País. Mas, no caso do ensino superior, o Enade é muito criticado pelos especialistas. Para o diretor da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Solón Caldas, por exemplo, a forma de aplicação da prova prejudica a avaliação. "O estudante que faz a prova não tem comprometimento com o resultado", afirma. Segundo ele, a nota da prova deveria constar no histórico escolar, para motivar os alunos e evitar boicotes. Paulo Cardim, integrante do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, critica o governo por não divulgar as notas individuais dos estudantes.
Já para o educador Simon Schwartzman, o MEC se limita a apresentar os conceitos de avaliação sem, contudo, definir os pontos necessários para classificar um curso como ruim ou excelente em cada área do conhecimento. "O que ele faz é pegar todas as pontuações e colocá-las em uma curva que divide os cursos em duas partes iguais, os que estão acima da medida e os que estão abaixo, aproximando os resultados do que os estatísticos chamam de curva normal. Depois, os dados são divididos em categorias de 1 a 5, de tal maneira que a média de todos os cursos é sempre 3. Esses dados permitem dizer se um cursos ficou melhor ou pior do que outro. Mas não permitem afirmar que determinado curso é bom ou ruim", diz ele.
As críticas mostram a necessidade de aperfeiçoar o Enade, sob pena de pôr em risco a credibilidade da avaliação do ensino superior.
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