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Passada a crise, os fundamentos vão prevalecer

O ponto central é que os fundamentos da economia são vistos como positivos. A inflação tende a ficar na meta e o juro básico continuará a cair – há dúvida apenas se a próxima redução será de 100 ou de 125 pontos básicos, como se previa antes da crise

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Por Redação
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Por maiores que sejam os riscos de que o aumento das incertezas provoque impactos negativos sobre o preço dos ativos (o que já se verificou nos últimos dias) e sobre o nível de atividade (o que ainda não se pode avaliar), tão logo passe a fase de turbulência, “é provável que voltem então a prevalecer os fundamentos da economia e as tendências que se delineavam antes desse choque político”, afirma o Boletim Macro Ibre de maio, que acaba de ser divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O texto foi, em parte, escrito após a divulgação dos áudios gravados por um dos sócios da JBS com vistas a incriminar o presidente da República.

O estudo, elaborado pelo quadro de economistas da FGV sob a coordenação de Regis Bonelli, Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos, além de economistas convidados, enfatiza que até meados de maio “os sinais de recuperação da economia brasileira vinham se tornando cada vez mais claros, alimentando a expectativa de que sairíamos da recessão ainda este ano, possivelmente no segundo semestre”.

O que houve após a eclosão da crise política é o aumento de incertezas, algumas preexistentes, como a limitação do chamado “bônus agropecuário” (a expansão do setor primário). Mais durável parece ser a contribuição das exportações nos próximos trimestres. Os termos de troca deverão continuar favoráveis ao Brasil. Apesar da valorização recente do dólar, “ainda não é claro o tamanho e a permanência que essa alta terá”.

O ponto central é que os fundamentos da economia são vistos como positivos. A inflação tende a ficar na meta e o juro básico continuará a cair – há dúvida apenas se a próxima redução será de 100 ou de 125 pontos básicos, como se previa antes da crise.

Os motores da economia serão, pelo lado da oferta, a indústria de transformação, a construção e o comércio; e, pelo lado da demanda, o grande destaque é a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, ou taxa de investimento). Mas a FBCF, para as economistas Juliana Cunha e Silvia Matos, que estudaram o comportamento dos ciclos econômicos nas recessões, é o componente “mais sensível da demanda nas crises econômicas”.

O ajuste da política macroeconômica tornou o País mais preparado para enfrentar a crise. Falta restabelecer a confiança dos investidores em capital fixo, o que não é tarefa fácil.