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Perspectivas de reação após um período difícil para o varejo

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Por Redação
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Pouco depois de a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) informar que mais de 200 mil lojas formais encerraram as atividades no biênio 2015-2016, das quais 108,7 mil no ano passado, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE mostrou recuo de 6,2% do comércio varejista no ano passado em relação a 2015, a maior redução da série histórica iniciada em 2001.

Não quer dizer que o comércio tenha caído ininterruptamente em 2016, nem que a recuperação não seja esperada. Ao contrário, as vendas reagiram, por exemplo, em novembro, com as liquidações da black friday.

Mas não se acredita em retomada esfuziante. O fechamento de lojas é sinal de descrença dos empresários numa recuperação rápida do varejo.

O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, apresentou leve queda, de 0,1%, entre novembro e dezembro de 2016, mas na comparação entre 2015 e 2016 o recuo foi de 8,7%. As vendas caíram em todas as atividades pesquisadas, chegando a -16,1% para livros, jornais, revistas e papelaria e -14% para veículos e motos. O quadro é pior para bens de consumo durável, que mais dependem de crédito.

Nas mesmas bases de comparação, as quedas foram menos expressivas em artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-2,1%) e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-3,1%).

A redução de vendas do varejo restrito (ou seja, excluídos veículos e material de construção) foi menor (-6,2% entre 2015 e 2016), embora tenha sido expressiva entre novembro e dezembro. Graças a descontos, consumidores anteciparam para novembro as compras que fariam em dezembro.

O desemprego crescente afasta os consumidores das lojas. Enquanto recebe o seguro-desemprego, o trabalhador que perdeu vaga pode manter o consumo de bens essenciais. Mas isso fica mais difícil quando a renda familiar cessa ou se reduz ao mínimo. E só agora começam a surgir fatos positivos para as vendas, como a queda forte da inflação e dos juros, preservando os salários, e a liberação de recursos do FGTS de contas inativas, ajudando a administrar as contas do dia a dia.